
Miguel Lucena
Dizem que o novo técnico da Seleção Brasileira será o italiano Carlo Ancelotti. Um homem sério, elegante, desses que parecem mais juízes da Corte Internacional de Haia do que técnico de futebol. Mas já que topou esse desafio de resgatar o futebol brasileiro da fase “dança das cadeiras”, eu humildemente faço um apelo: professor, dê uma olhadinha no futebol nordestino raiz.
Esqueça um pouco os craques de cabelo descolorido, chuteira neon e coreografia ensaiada. O Brasil precisa de raça, suor e, por que não, um pouco de marmota.
Comece por Mitonho, o terror dos babas de domingo em Princesa Isabel. Joga com chinela Havaiana e ainda dá caneta em juiz. Canelinha, apesar do apelido, tem um chute que derruba até poste da rede elétrica. Sibito, então, é um caso à parte: tão veloz que já saiu de um ataque pra recompor a zaga antes do adversário pisar no meio-campo.
E não deixe de observar Zé da Prestação, que faz gol e ainda oferece parcelado em 12 vezes sem juros. Por fim, convoque Zé Calúnia, que nem joga tão bem, mas bota medo só de falar que vai “abrir a boca”.
O Brasil não precisa só de tática, professor. Precisa de alma. E alma, hoje em dia, só se encontra no campinho batido do Sertão, onde o gramado é terra batida e a bola corre com ginga.
Está faltando Sibito na Seleção. Está faltando Brasil.