Na semana passada, governo local chegou a acionar Justiça por remessa, alegando defasagem. Segundo órgão federal, haverá ‘compensação gradual’ dos imunizantes
O governo do Distrito Federal anunciou, nesta quinta-feira (29), que firmou um novo acordo com o Ministério da Saúdepara o envio de 292 mil doses extras de vacinas contra a Covid-19 à capital. O órgão federal confirmou que haverá uma “compensação gradual” à capital.
O GDF afirma que tem sido prejudicado na distribuição dos lotes (saiba mais abaixo) e, na semana passada, acionou o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para garantir o recebimento das remessas.
O novo acordo foi anunciado pelo chefe da Casa Civil do DF, Gustavo Rocha, em coletiva de imprensa nesta tarde. Segundo o secretário, os termos foram definidos em reunião entre representantes do governo federal e da Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), na última terça-feira (27).
“O Ministério da Saúde se comprometeu a encaminhar essas doses ao DF de forma escalonada. Ainda não divulgou a forma e quantidade que será encaminhada por vez”, disse Rocha.
Em nota ao G1, o Ministério da Saúde afirmou que enviará as remessas de “forma complementar, de modo que todos os estados deverão finalizar o processo de imunização sem que haja benefícios ou prejuízos a suas respectivas populações”.
A reportagem questionou qual será a data e quantidade da primeira remessa extra, mas o órgão federal não respondeu.
Segundo acordo
Esta é a segunda vez em que o GDF afirma ter combinado o envio de doses extras. O Executivo local afirma que o governo federal tem feito “constantes equívocos na distribuição de vacinas” e que há déficit nos lotes enviados à capital (veja mais abaixo).
O primeiro acordo, segundo o governo, ocorreu em reunião de uma comissão tripartite, que tem participação de representantes do Ministério da Saúde e das secretarias de saúde estaduais e municipais.
O encontro, porém, não contou com a presença do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Na ocasião, o acordo seria para 250 mil doses.
À época, o chefe da Casa Civil do DF chegou a afirmar que o órgão enviou 21 mil vacinas extras em 15 de julho. No entanto, na semana seguinte, o ministro Queiroga disse que “nenhuma unidade da federação foi prejudicada” na distribuição de doses.
“Foi considerada a questão do senso de 2010, considera-se a demografia de cada estado e aqui do Distrito Federal, a presença de comorbidades. O que nós temos que fazer é buscar mais doses. E é isso que nós temos feito”, afirmou Queiroga em 19 de julho.
Quatro dias após a declaração do ministro, o GDF acionou o STJ cobrando do Ministério o envio de 292 mil doses que estariam em déficit na capital. Segundo Rocha, após o novo acordo, o governo vai aguardar a confirmação do envio das vacinas, para só então retirar a ação na Justiça.
Déficit
Entre os motivos que podem ter causado o déficit de vacinas, o chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, citou a imunização de profissionais das Forças Armadas e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sem dar detalhes do quantitativo.
A campanha é alvo de inquérito do Ministério Público Federal (MPF). Segundo o órgão, 30 mil servidores das Forças Armadas foram priorizados na imunização contra Covid-19 no DF. A investigação apura possíveis irregularidades e fura-filas na lista, que é encaminhada pelo órgão federal.
Além dos servidores da União, o chefe da Casa Civil no DF apontou déficit também nas doses encaminhadas para profissionais da educação. “O Ministério estimou 33.200, vacinamos 73.655”, disse.
O secretário afirmou ainda que o governo federal encaminhou 6,7 mil doses para equipes de salvamento, enquanto o DF vacinou 31,8 mil profissionais.