Com mais um resultado negativo, setor retrocede para patamar 4,3% abaixo do nível pré-pandemia, segundo o IBGE.
A produção industrial brasileira caiu 0,2% em novembro, na comparação com outubro, na sexta retração mensal consecutiva, segundo os dados divulgados nesta quinta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já em relação a novembro de 2020, houve queda de 4,4%. No ano, a indústria acumula alta de 4,7% até novembro e, em 12 meses, de 5%.
A média móvel trimestral encerrado em novembro ficou em -0,5%.
Produção industrial mensal — Foto: Economia g1https://96744e8ac638ab0de607be234a024e21.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
“Apesar de acumular, nos 11 meses de 2021, um avanço de 4,7% frente ao mesmo período do ano anterior, a indústria continua a se afastar cada vez mais do patamar pré-pandemia”, destacou o IBGE.
Com mais uma queda, a indústria se encontra 4,3% abaixo do patamar de antes da pandemia, de fevereiro de 2020, e 20,4% abaixo no nível recorde registrado em maior de 2011.
O resultado frustrou as expectativas. A projeção de pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 0,1% na variação mensal e de queda de 4,2% na base anual.
O que puxou a queda
A queda de 0,2% em novembro foi acompanhado por pouco menos da metade (12) dos 26 ramos pesquisados, com destaque para os produtos de borracha e de material plástico (-4,8%), que perderam toda a expansão acumulada (3,5%) nos meses de setembro e outubro, e metalurgia (-3,0%), que assinalou a terceira queda consecutiva acumulando perda de 7,7% no período.
Outras contribuições negativas relevantes vieram de produtos de metal (-2,7%), de bebidas (-2,2%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,6%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-4,5%) e de produtos diversos (-4,5%).
Entre as 4 grandes categorias econômicas, apenas a de bens de capital (-3,0%) ficou no negativo em novembro, eliminando o avanço de 1,8% verificado em outubro. Já as categorias de bens semi-duráveis e intermediários, que respondem por 80% da média da indústria, registraram estabilidade. Já o setor de bens de consumo duráveis teve crescimento de 0,5%.
Dificuldades do setor
“Analisando mês a mês, observamos que, das 11 informações de 2021, nove foram negativas. Ou seja, o setor industrial ainda sente muitas dificuldades,” afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo, destacando que o setor ainda sofre os efeitos da pandemia, que provocou o desabastecimento de alguns insumos e encareceu o custo da produção.
“Além disso, a indústria sofre com os juros em alta e a demanda em baixa, impactada pela inflação elevada e a precarização das condições de emprego, já que com o rendimento mais baixo, o trabalhador consome menos”, acrescentou.
Perspectivas
O PIB (Produto Interno Bruto) da indústria ficou estagnado no 3º trimestre, vindo de uma queda de 0,5% do 2º trimestre.
O índice da FGV que mede confiança da indústria cai pelo 5º mês consecutivo em dezembro, menor nível desde agosto de 2020.
As preocupações com a saúde das contas públicas, o desemprego ainda elevado e a alta acelerada da taxa básica de juros para conter a inflação vêm provocando uma piora das projeções para a economia brasileira em 2022.
A média atual das projeções do mercado financeiro aponta para alta de 4,50% do PIB em 2021 e de 0,36% em 2022, bem abaixo da média global. E analistas apontam para o risco de estagnação e até mesmo de retração neste ano.