Investigações tiveram início após mortes de duas jovens em Brasília. Justiça determinou prisão de quatro pessoas, em SP, RJ e Goiás.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) realizou, nesta quarta-feira (29), uma operação contra quatro pessoas suspeitas de coordenar um grupo online que induzia jovens a cometerem suicídio. As investigações tiveram início após as mortes de duas jovens em Brasília.
A Justiça do DF expediu mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra os suspeitos. As ordens foram cumpridas nos seguintes locais:
- Um endereço em Goiânia (GO);
- Dois endereços em Aparecida de Goiânia (GO);
- Dois endereços em São Paulo (SP);
- Um endereço em São Roque (SP);
- Um endereço no Rio de Janeiro (RJ).
Segundo a Polícia Civil, até o início da tarde, três suspeitos tinham sido presos e um estava foragido.
Primeira vítima
Segundo a investigação, a primeira vítima foi uma jovem, de 21 anos, moradora do Paranoá, que participava do grupo virtual. Ela morreu em fevereiro deste ano, depois de ingerir uma substância tóxica, conforme orientação enviada pelos membros do grupo criminoso.
“A vítima, aparentemente, por meios próprios, teria ingerido a substância para testar os efeitos dela, no intuito de cometer o autoextermínio. Porém, ao perceber os efeitos graves da substância, a jovem teria pedido socorro aos pais, ainda dentro da residência, quando contou o que havia feito. Apesar do atendimento imediato, a jovem não resistiu e veio a falecer no Hospital da Região Leste”, conta o delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia, do Paranoá.
Segundo as investigações, um mês depois (em março), uma amiga da primeira jovem também morreu depois de ingerir a mesma substância.
“Após a chegada do laudo pericial dos computadores e do aparelho celular apreendido na residência da primeira vítima, nós chegamos à conclusão de que ela fazia parte de um grupo [que induzia ao suicídio]”, diz o delegado.
Ricardo Viana aponta que, após o início das investigações, a polícia conseguiu mapear o núcleo do grupo e chegou aos quatro suspeitos. De acordo com as apurações, eles recebiam as vítimas, diziam entendê-las e as induziam a cometerem suicídio.
Segundo a Polícia Civil do DF, os envolvidos “associaram-se virtualmente, de forma estável e permanente, para instigar e auxiliar pessoas suscetíveis à prática do autoextermínio”.
O que fazer com uma pessoa em quem se identifica risco para suicídio?
No dia 10 de setembro, foi comemorado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Por isso, surgiu a campanha conhecida como Setembro Amarelo. O mês é marcado por eventos que ressaltam a importância do combate ao autoextermínio.
Entretanto, há mecanismos de identificação que podem salvar vidas e canais de ajuda que funcionam 24 horas por dia, o ano inteiro. Segundo especialistas, há formas ajudar em situações consideradas de risco, ou mesmo dúvida.
O primeiro passo é conversar abertamente e, principalmente, saber ouvir. Sem julgamentos e sem preconceitos. A pessoa precisa de apoio e precisa entender que você pode ser um porto seguro para ela.
Procure sempre ajuda de um profissional habilitado. O Ministério da Saúde divulga os seguintes endereços:
- CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde).
- UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais
- Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita). O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip, 24 horas por dia, todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.
- Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações sobre a ligação gratuita.