São 61.226 casos conhecidos; Ceilândia aparece em 2º lugar, com 57.997 registros desde início da pandemia. Especialista diz que alta pode estar relacionada a viagens de fim de ano.
Um levantamento da TV Globo aponta que a última semana teve o maior número de infecções por Covid-19, no Distrito Federal, desde o início da pandemia. Foram 20.205 casos conhecidos em cinco dias, uma média de 4 mil novas infecções a cada 24 horas.
Nesta sexta-feira (21), o número de infectados conhecidos chegou a 561.457, sendo 3.297 novos casos. A região com maior incidência do vírus é, desde o dia 13 de janeiro, o Plano Piloto que, na sexta, segundo a Secretaria de Saúde do DF somava 61.226 casos e 780 mortes.
Antes disso, Ceilândia – que contabilizava 57.997 contaminações e 1.690 vidas perdidas registradas pela pasta até o fim da semana – aparecia no alto do ranking. De acordo com o pesquisador do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento, da UnB, Tarcísio Rocha Filho, as viagens de fim de ano podem ser um dos motivos para esta inversão.
“No Plano moram pessoas com mais recursos financeiros, que, com certeza, viajaram mais”, diz ele.
Além do poder aquisitivo, a localização geográfica permite que os moradores do centro tenham mais facilidade para realizar a testagem e confirmar a doença, aponta o professor. “No Plano Piloto existe uma oferta maior de laboratórios particulares, o que pode facilitar nos resultados. Nós sabemos que há falta de testes em muitos postos de saúde do DF, e que houve muita procura nos últimos dias”, afirma.
Ômicron e vacinação
Segundo Tarcísio Rocha Filho, a ômicron é a variante predominante no DF. Conforme pesquisas, ela é mais transmissível e as pessoas contaminadas acabam infectando várias outras.
Por outro lado, mesmo que o aumento de casos não esteja provocando um aumento no número de mortes, o professor alerta que este pode não ser um reflexo a médio prazo. “Infelizmente, isso [aumento de mortes] pode ocorrer em uma ou duas semanas”, diz ele.
“Com a vacinação, está sendo possível controlar os casos mais graves. Mas, de qualquer forma, muita gente pegando a doença ao mesmo tempo é perigoso, porque pode gerar um colapso no sistema de saúde, como já vimos nos outros anos”, explica.
Segundo o pesquisador, é de “extrema necessidade” vacinar, rapidamente, a maior quantidade possível de pessoas, incluindo crianças.
“Nossos estudos mostram que há uma tendência de aumento nos casos em crianças e jovens. Com a volta das aulas presenciais em escolas e universidades, a grande circulação do vírus pode facilitar o surgimento de novas variantes”, diz Tarcísio.