Marco Antonio dos Santos*
Está sendo difícil para o,
até certo ponto numeroso , grupo que apoia Jair Bolsonaro , de forma até messiânica, admitir que escolheu o candidato errado para alcançar, pela via politica, objetivos válidos para o pais e defender valores e princípios da nacionalidade que a maioria da sociedade brasileira almeja e professa.
Primeiro, o escolhido sempre teve dificuldade de gerar empatia.
Depois, seus discursos , seja na Câmara Federal ou no exercício da Presidência, não eram claros, adequados nas palavras utilizadas, e proferidos de forma amistosa para a maioria dos segmentos que compõem, na atualidade, a sociedade brasileira.
Foram constantes as retificações.
Em termos gerais, a presidência foi assumida e assim continuou, com planejamentos estratégicos ruins ou mesmo inexistentes, embora alguns segmentos, como o econômico tenha apresentado bons resultados no enfrentamento a crise causada pela pandemia .
As associações políticas levadas a cabo podem ser classificadas como péssimas e
nem sempre os comportamentos foram adequados.
Muitos conflitos, evitáveis por boas práticas políticas , foram gerados por formas grosseiras de lidar com o 4o poder : a midia .
Apoiadores do PR recorreram ao uso excessivo das redes sociais, em inúmeras oportunidades com emprego das chamadas “fake news”.
O direcionamento parcial das políticas orçamentárias também contribuiu para geração de conflitos com públicos diversos.
As equipes de propaganda do PR trabalharam a imagem do PR direcionada para públicos muito específicos (motociclistas , jet eskeitistas, sertanejos, rodeios etc) , não universalizando a pessoa do PR nas camadas mais carentes da população em regiões diferenciadas do país.
A associação a um segmento religioso, em detrimento do estado laico, praticamente ignorando a pluralidade de crenças dos brasileiros, avalio, foi fator que contribuiu para o desfecho recente.
O recurso a grupo político conhecido por práticas deletérias em nome da governabilidade , em condições similares a outros governos, inclusive do adversário atual, contrastou com o discurso de eleição, afastando grupos de apoio e eleitores.
Em outras situações, casos de inabilidade política para lidar com a diversidade de situações, sempre em constante mudança, inclusive internacionais, não contribuiram para angariar apoios e simpatia.
A sociedade atual é dinâmica e de elevada percepção situacional.
Parte dela tinha a imagem do ex presidente de esquerda como associada a demandas sociais da atualidade, ligadas a temas de minorias e as classes pobres , assim, a polarização se tornou fácil de ser estruturada.
Bom lembrar que ambos os concorrentes no plebiscito final tem índices de rejeição consideráveis sob várias óticas .
Apesar disso, quase o êxito foi alcançado, conforme se depreende da pequena diferença de votos no resultado final.
Ressalte – se que a polarização ideológica excessiva neste quarto do Séc XXI pode ter contribuido para os quase 38 milhões de votos em branco , nulos ou abstençao, o que deve ser bem avaliado por decisores políticos em futuro próximo.
Não bastou o PR defender ,ainda que, por vezes , precariamente, os valores maiores da Nação brasileira.
Agora é rever os erros, selecionar uma 3a via, trabalhar muito em sua construção.
Democracia é isso.
Um de seus maiores
méritos está na alternancia dos líderes.
*Analista de Inteligência.