Vítima de um ato brutal de violência, Oigna Rodrigues da Silva, de 43 anos, não resistiu aos ferimentos provocados pelo ataque que sofreu, na quinta-feira (16/9), dentro de casa, em Alto Paraíso (GO). No Instituto de Medicina Legal de Formosa, o corpo passou por exames de necropsia nesta sexta-feira (18/9). O órgão genital da mulher foi dilacerado. Ninguém foi preso.
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) investiga o caso, que abalou os moradores do município goiano a 240 km de Brasília. De acordo com o delegado que registrou a ocorrência, Danilo Meneses, o crime choca pelos requintes de crueldade. “Inadmissível”, resumiu. Policiais goianos estão nas ruas em busca do suspeito, que já foi identificado.
O caso ocorreu na quarta-feira (16/9). Oigna era uma mulher bastante conhecida no município. Por viver em sofrimento psíquico, era atendida pelas equipes da Secretaria de Assistência Social e do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) havia 12 anos.
Segundo o boletim de ocorrência, a vítima tinha um atendimento marcado com a assistente social do CRAS para quarta-feira (16/9), mas a paciente não compareceu. Desconfiada, uma equipe foi até a casa da mulher, que não atendeu a porta. Pela janela, uma das profissionais avistou os pés de Oigna, que estava caída no chão.
Com a ajuda de uma vizinha, a funcionária do CRAS conseguiu entrar na casa da mulher e a encontrou, de bruços, com vários ferimentos no rosto e suja de sangue. “Ela estava sem consciência, sangrando, porém, respirando de forma ofegante”, consta no boletim.
Ao chegarem ao local, os atendentes do Samu fizeram os primeiros socorros e verificaram que o sangue na roupa da vítima já estava seco, o que indicava que os ferimentos tinham sido provocados há algum tempo.
Os sinais do estupro só foram identificados, de fato, no hospital, no momento em que os funcionários da unidade davam banho em Oigna.
Segundo a Secretaria de Saúde municipal, os serviços de segurança pública foram imediatamente notificados das lesões, identificadas por meio de exame comprobatório de corpo de delito preenchido pelo médico de plantão. A mulher recebeu o atendimento na unidade de saúde, com adoção dos procedimentos e protocolos indicados às vítimas de violência sexual.
“Ela possuía sinais de agressão física no tórax, seio, e também laceração na vagina, em decorrência de uma violência sexual”, diz o documento. A mulher aguardava a transferência para um hospital em Goiânia, quando teve uma parada respiratória e faleceu.
O prefeito de Alto Paraíso, Martinho Mendes da Silva, repudiou o caso de violência e disse, por meio de nota, que acionou a PCGO, “solicitando uma atuação severa e investigação rigorosa”.
“Justiça por Oigna”
Nas redes sociais, um coletivo de mulheres de Alto Paraíso clama por segurança, uma vez que ninguém foi preso. O grupo organiza, ao menos, duas manifestações e exigem respostas das autoridades que investigam o caso.
Nesta sexta-feira (18/9), às 17h, ocorre a Marcha Justiça por Oigna, com concentração na Praça do Canãa. A orientação é que todas as mulheres compareçam ao protesto de roupas pretas e levem velas.
Uma nova manifestação está marcada para a próxima segunda-feira (21/9), desta vez em frente à Prefeitura Municipal de Alto Paraíso. O ato Justiça por Oigna começa às 10h.