Ana Cristina Neves estava internada tratando uma infecção urinária, que evoluiu para sepsemia. Velório ocorrerá neste domingo
Rafaela Felicciano/Metrópoles
A técnica em anatomia Ana Cristina Neves, 48 anos, conhecida como Gordinha do Rabecão, morreu na madrugada deste sábado (14/5). Ela estava internada tratando uma infecção urinária, que evoluiu para septicemia (infecção generalizada). O velório ocorrerá nesse domingo (15/5), às 8h30, no Cemitério Campo da Esperança, em Taguatinga.
Em reportagem ao Metrópoles, publicada em 2017, Ana Cristina revelou que tinha o costume de dizer que sua vida era a morte. Há mais de duas décadas, ela encarava com naturalidade, respeito e uma dose de bom humor a rotina que, para a maioria, pode parecer mórbida. Ela recolhia corpos pelas ruas do Distrito Federal. À época, afirmou que havia levado mais de 5 mil para o Instituto Médico Legal (IML).
O ofício que herdou do pai rendeu muitas histórias e alguns apelidos. Dona Morte e Gordinha do Rabecão eram alguns deles. Para outros, era conhecida apenas como Cris.
Trabalhar no necrotério era algo que sempre a atraiu. “Desde criança, eu me interessava pela anatomia humana. Fiz enfermagem e cheguei a trabalhar no Exército, mas o IML sempre foi o meu sonho”, relatou, em 2017.
Cris tinha um jeito especial de ver a vida. Ela definia o local onde trabalhava como um grande centro cirúrgico, e a morte como um “avião”. “Uma hora a gente tem de embarcar”.
Durante o ofício, ela participou de orações, rodas de rap e trabalhos espirituais em terreiros. E afirmou trabalhar sem pré-julgamentos. “Costumo dizer que não importa se a pessoa morreu no Lago Sul ou na Estrutural. É um ser humano que está ali e sempre vai ter alguém chorando por ele”, acrescentou.
Homenagem
Diógenes Morais, servidor do IML, era chefe de Ana Cristina. Em mensagem publicada nas redes sociais, ele afirmou que a amiga de profissão deixará saudades.
“Uma pessoa autêntica e verdadeira, que se apresentava como realmente era, sem fingir ser algo que não era apenas para agradar os outros, e geralmente não agrada a todos mesmo. Assim era Ana Cristina, um turbilhão de autenticidade ambulante, tentava de todas as formas esconder seu coração gigantesco, seu cuidado, da forma dela, com todos”, homenageia Morais. (Metrópoles)