Mensagens deixadas no caderno da adolescente diziam: “Onde já se viu preto nesse colégio” e “Preta desgraçada”
Alunos do Colégio Cívico-Militar Sebastião Saporski, em Curitiba (PR), realizaram um ato, nesta quinta-feira (11/11), em apoio a uma colega de 13 anos que teve o caderno rabiscado com mensagens racistas. Todos os estudantes utilizaram roupas pretas para apoiar a menina. Entre os cartazes e atos pela manhã, uma mensagem clara: não ao preconceito. O colégio fica no bairro Taboão, em Curitiba. Um vídeo mostra o momento emocionante em que os alunos recebem a colega
A história se espalhou pelos corredores do Cívico-Militar e, em menos de um dia de quando aconteceu, todos já sabiam. As mensagens de apoio se difundiram e coloriram o dia de quem passava pelo colégio, quando a adolescente chegou na instituição os colegas aplaudiram a menina, todos a apoiando. Emocionados, os alunos se uniram contra o racismo.
Um jovem conhecido da vítima contou à Banda B que ficou muito chateado com o que a colega da irmã mais nova sofreu e lembrou que este não é um caso isolado.
“Fiquei revoltado, ela me contou meio por cima na hora que ela me contou. Achei importante compartilhar, pois isso não acontece só em uma escola, não é individual, é um problema social”, contou para a reportagem.
A colega explicou que a vítima estava muito triste com toda a situação e ficou no canto, chorando. Depois, tirou a escrita do caderno
“Eu cheguei na escola e tivemos a primeira aula tranquila. Na segunda aula, eu vi que estava meio mal e saiu. Ficou fora, chorando. Eu fui ver o que tinha acontecido. Ela me falou que estava com cólica. Dei remédio, mas continuou lá. Mais tarde, contou para uma amiga o que aconteceu, que já tinha arrancado as folhas do caderno”, disse a colega.
Até os professores se juntaram com os alunos e participaram do ato em apoio à aluna e contra o racismo.
Os cartazes que se espalharam pelo colégio na manhã desta quinta-feira (11). Todos com mensagens de carinho e apoio.
As mensagens deixadas no caderno da adolescente diziam: “onde já se viu preto nesse colégio”; também: “preta desgraçada”. A aluna, muito triste com o que aconteceu, arrancou tudo do caderno e tirou fotos.
O racismo é intolerável e não é aceito nas escolas do Paraná. Logo após o ocorrido, a direção do colégio chamou os pais da aluna para conversar sobre a situação e orientá-los, além de se solidarizar com a família. Foi aberta uma sindicância interna para apurar de quem teria partido tal atitude lastimável, a qual tanto o colégio quanto a Seed-PR repudiam. A direção também já realizou uma conversa geral com os estudantes sobre a gravidade do fato e a política de tolerância zero com o racismo. Neste mês, inclusive, professores de Ciências Humanas e Língua Portuguesa estão trabalhando o Mês da Consciência Negra como tema de atividades na escola.
Fonte: bandab