Grupo se especializou em ‘phishing’, que é quando o criminoso envia um link falso para a vítima e acessa todos os dados dela
Mais de 200 policiais civis cumprem na manhã desta sexta-feira (11) 30 mandados de busca e apreensão e mandados de prisões temporárias contra um grupo especializado no chamado “phishing”. O golpe consiste em enviar um link falso para a vítima e acessa todos os dados dela, inclusive bancários. Esse grupo, segundo a polícia, fez 200 vítimas no Distrito Federal e em outras unidades da Federação e causou prejuízo de R$ 10 milhões.
Nessa operação batizada de Deep Sea (mar profundo, em inglês), considerada a maior do semestre na Polícia Civil do DF até o momento, os mandados são cumpridos no Distrito Federal, em Goiânia (GO) e Cristalina (GO). Um dos alvos movimentou R$ 1,5 milhão na conta pessoal em um curto período e esse fato chamou atenção da polícia.
A investigação da Corf (Coordenação de Repressão às Fraudes), a qual a RecordTV e o R7 tiveram acesso com exclusividade, aponta que além do ‘phishing’, o grupo também agia com confecção de boletos falsos e com perfis de whatsapp falsos para enganar vítimas. Dois grupos faccionados, de Santa Maria e Planaltina, colaboravam nessa organização criminosa, que era formada por líderes, hackers, recrutadores e pessoas que emprestavam contas para receber o dinheiro.
Esquema
Após invadirem contas bancárias das vítimas por meio de phishing e malwares, os criminosos apropriavam-se do controle de todas as transações bancárias com imediata retirada de todo saldo bancário das vítimas, os quais eram transferidos para contas de terceiros.
“Os criminosos recrutavam repassadores, os quais foram remunerados mediante comissão para emprestarem seus dados e contas bancárias em diversas instituições financeiras, então os valores indevidos apropriados com os furtos eram transferidos para esses participantes, que repassavam de imediato tais quantias aos criminosos, por meio de transferências, saques e simulações de compras e pagamentos com utilização de máquinas débito e crédito”, explicou o chefe da Corf, delegado Wisllei Salomão.
A investigação iniciou quando a Corf tomou conhecimento que em março de 2021 uma funcionária de uma empresa de material de construção em Taguatinga recebeu uma ligação de uma pessoa, passando-se por funcionário do banco, a qual a instruiu a acessar a página falsa do banco (phishing) onde foram subtraídos os dados bancários da empresa e retirados, por meio de transferências, o valor de R$ 193.450,00.
Ao longo da investigação foi observado que a organização criminosa atuava também na consecução do golpe do falso boleto. Quando por meio de páginas fake idênticas às de instituições financeiras geravam boletos de quitação de dívidas em nomes das vítimas.
“As vítimas ao pensarem estar acessando, por exemplo, a página do banco na intenção de quitar um financiamento, eram desviadas para um chat, quando recebem os boletos com todos os dados das vítimas e de seus saldos devedores. Porém, o código de barra constante nesses boletos tinham como beneficiários CNPJs de terceiros participantes dessa organização. Eram empresas de fachada abertas com o único objetivo de fraudar, receber, lavar, simular e ocultar os valores subtraídos das vítimas”, detalhou o investigador à reportagem.
O grupo preso nesta sexta-feira responderá por furto mediante fraude, lavagem de dinheiro, organização criminosa e estelionato. (R7)