Miguel Lucena
Morreu, às 3h da madrugada de hoje, o amigo Marcos Wilson Lemos Reale, horas após completar 58 anos.
Marcos Reale foi um revolucionário ingênuo, temporão e incompreendido.
Era ingênuo, porque acreditava na bondade das pessoas. Não via maldade em nada.
Muito jovem, aos 23 anos, arriscou-se numa aventura revolucionária fora de época, em 1986, quando já havia terminado o regime militar. Convencido pelos dirigentes do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), participou de um assalto frustrado ao Banco do Brasil, no bairro do Canela, em Salvador, para enviar recursos à guerrilha sandinista da Nicarágua, e ficou oito anos preso.
Depois de solto, recebeu o abraço de poucos. Seu partido já havia se modernizado e não dava muito espaço para militantes tão radicais quanto ele. Quem lhe estendeu a mão foi Rogério Ataíde, homem de grande coração, e o fez expert em cálculos trabalhistas, com o que ganhou a vida. Outra pessoa que nunca o deixou para trás foi Dina, mãe de seu filho, uma mulher de muita fibra e generosidade.
Marcos é de uma família de homens e mulheres sonhadores, todos aguerridos, de uma época em que revolucionário bebia muito, comia pouco e não enricava.
Guardo comigo os versos de esperança que fazíamos nas noites enluaradas desse mundo velho sem conserto.
Viva Marcos Reale!