*Miguel Lucena
Os policiais deveriam narrar suas experiências para simpósios e pesquisas de especialistas em saúde mental, tantos são os casos de delírios que os delirantes querem transformar em ocorrências nas delegacias.
No Paranoá, um homem procurava a 6ª DP, durante o plantão noturno, com medo de um “encosto” que queria se aproveitar dele, na hora do sono. Sem querer voltar para casa, pedia para ficar na DP, em segurança.
Na 10ª DP, Lago Sul, uma senhora da alta sociedade reclamava do finado marido, uma alma muito enxerida que ficava procurando conversinha com a madame, todas as noites.
Na 3ª DP, Cruzeiro, um inquérito volumoso apurava atentados seguidos que eram praticados contra um senhor casado, pai de família, acima de qualquer suspeita. Certa noite, ele fora atingido por um tiro no pé, quando caminhava com um filho pequeno em um condomínio da Octogonal. Em um segundo momento, um grupo interceptou o carro dele, no Lago Norte, e o feriu no peito e nas coxas com cacos de vidro. E, por fim, quando deixou a mulher na porta da escola do filho, em Taguatinga, alguém se aproximou da janela do carro e deu-lhe outro tiro no pé.
As investigações revelaram que tudo foi criado pela suposta vítima, porquanto as balas saíram da arma dele e os tiros foram encostados (à queima-roupa). No episódio do Lago Norte, ele mesmo se cortou com os cacos de vidro.
Agora, na 1ª DP, apareceu o caso de uma mulher, moradora da Asa Sul, que se queixa de os hambúrgueres que pede por telefone estarem recheados de “erva telepática”, o que a impede de ficar na rua por mais de 30 minutos.
De perto, já dizia o poeta, ninguém é normal.