Candidata do PT tem queda após ataques e suspeita de rachadinha
RECIFE — A cinco dias da votação em segundo turno, pesquisa Ibope aponta para uma mudança no cenário na disputa pela prefeitura do Recife. João Campos (PSB) agora aparece com 43% do votos totais, numericamente à frente da prima, Marília Arraes (PT), que tem 41%. Brancos e nulos somam 15% e não sabem ou não responderam 2%.
No primeiro turno, o candidato do PSB liderava em todas as simulações de segundo turno. Após a votação da primeira etapa, no entanto, Marília chegou a abrir vantagem de até dez pontos de diferença. No momento, como a pesquisa tem três pontos de margem de erro, ambos estão empatados tecnicamente.
O Ibope também divulgou a intenção de voto válidos, desconsiderando votos brancos e nulos. Neste caso, em relação à pesquisa anterior, Marília Arraes saiu de 53% para 49%. Já João Campos pulou de 47% para 51%. O levantamento foi realizado entre os dias 23 e 25 de novembro, sob o registro PE-04600/2020.
Durante a semana, o PSB intensificou os ataques à candidatura de Marília, reforçando o discurso antipetista e citando, na TV, denúncias da suposta prática de “rachadinha”. Pesquisas qualitativas coordenadas pelo marqueteiro de João Campos e o argentino Diego Brandy identificaram que os ataques estavam ajudando a virar votos. Tracking interno da campanha também identificou a tendência de alta do candidato.
Desde que a suspeita de “rachadinha” em seu mandato na câmara municipal, entre 2009 e 2019, veio a público, Marília, tem evitado falar com a imprensa. O Ministério Público de Pernambuco fez uma investigação para apurar denúncia de que funcionários de Marília devolveriam 60% do salário. O caso, revelado pela revista “Veja”, foi arquivado por falta de provas na esfera penal, onde a acusação era de peculato (desvio de dinheiro público), mas há ainda uma ação de improbidade administrativa.
No últimos dias, ambos os candidatos também decidiram entrar em uma guerra judicial para vetar propagandas negativas na TV. Nesta quarta-feira, a Justiça Eleitoral determinou que Marília Arraes retire peça que associa João Campos a atos de machismo. Já a candidatura do PSB terá que retirar proganda que trata da acusação de supostos funcionários fantasmas no gabinete da petista.
Na terça-feira, o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco proibiu a campanha de Campos de distribuir panfletos apócrifos, que circularam na cidade, com fala da petista contra a Bíblia. Uma das propagandas de João Campos na TV também tratou do mesmo assunto e foi vetada pela Justiça.
De acordo com ofício do Ministério Público ao qual O GLOBO teve acesso, que embasa a ação cível, restou “apurado o enriquecimento ilícito” de quatro servidoras comissionadas, que seriam funcionárias fantasmas. Segundo o MP, elas “trabalhavam em outros órgãos e empresas enquanto recebiam remuneração da Câmara Municipal do Recife, sem a devida contraprestação laboral”. Pede-se que Marília e a servidora devolvam R$ 156 mil aos cofres públicos.
O caso ganhou nova dimensão na terça-feira, quando o site da “Veja” revelou um áudio no qual o deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE) diz que Marília lhe incentivou a montar caixa de campanha com salário de assessores. Na gravação, o deputado afirma que a petista lhe teria dito para juntar R$ 30 mil da assessoria. Gadêlha hoje apoia Marília. Ele diz que o áudio está “descontextualizado” e que recorrerá à Justiça para requerer reparação.
O tema foi levado para debate realizado ontem pela TV Jornal, do Recife. João Campos disse que Marília deveria explicar qual era sua participação no suposto esquema. A petista destacou que o caso está arquivado na esfera penal e se disse vítima de “fake news”.
Fonte: O Globo