Maria José Rocha Lima*
Conheci Iara Bernardi na década de 80, no Movimento Nacional de Professores. Ela estava à frente das mulheres sindicalistas da sua época. Foi a primeira mulher a tomar posse como vereadora na Câmara Municipal de Sorocaba. Uma das primeiras mulheres eleitas no Brasil, naquela época. Reelegeu-se em 1988 e em 1992. Foi três vezes deputada federal por São Paulo.
A filha do Senhor Antônio Bernardi e de Israelina Machado, Dona Lina, é conhecida como uma política trabalhadora. Com a sua mãe, uma assistente social do bairro Jardim Simus (Cerrado), aprendeu a fazer política em favor dos mais pobres, a lutar pela educação, a não se aproveitar dos cargos em benefício próprio, a fazer política porque ama loucamente o que faz. É uma máquina, atua 24 horas se a gente deixar. Nada de muito discurso, o que a faz muito diferente de outros parlamentares. Ela gosta de percorrer todo o processo e no fim colher os resultados.
Assim, ela conseguiu como vereadora instalar a primeira casa abrigo para mulheres vítimas de violência. Em 1998, elegeu-se deputada federal e, entre 2001 e 2006, aprovou três projetos em defesa das mulheres e foi relatora do Fundo de Manutenção, Desenvolvimento e de Valorização dos Profissionais de Educação – Fundeb. A ela eu atribuo em grande medida a criação do Fundeb. Eu assessorava o Núcleo de Educação da Bancada do PT na Câmara dos Deputados e vinha do mandato de deputada na Bahia, no qual apresentara proposta de fundo para a educação e de um mestrado em que estudara as repercussões do Fundef. Isto me tornava convicta e determinada a propor aos parlamentares da bancada do PT a criação do fundo, em âmbito nacional. Assim, escrevemos a PEC-112, que deu origem ao Fundeb.
Inicialmente, poucos parlamentares compraram a ideia, uns achavam que engessava o orçamento e não davam a importância devida. Ela, que coordenava o núcleo de educação, me indicou como relatora da Equipe de Transição, tendo como um dos objetivos mais caros a proposta de incluir a criação do Fundeb no programa de governo do presidente Lula. Depois, foi a relatora do Fundeb, com pulso forte.
Outras importantes realizações nos seus três mandatos de deputada federal foram a articulação e implantação de um Campus da Universidade Federal de São Carlos, na sua cidade. E conseguiu, com muita luta, articular a implantação de CEFETs nas cidades de Salto, São Roque, Boituva, Itapetininga e Itapeva. Uma das suas realizações mais importantes foi o Instituto Federal de Sorocaba, em articulação com a UFSCar. Sobre este tenho a dizer que vi toda a sua força, o emprego de uma poderosa energia, a sua força estranha. Acompanhei a sua via sacra no MEC, lutar por uma agenda com paciência, esperar sentada três horas, com humildade, sem reclamar, para sair de lá com a conquista do Instituto Federal de Sorocaba, para os cidadãos da sua cidade. Uma eleição justa para uma política que faz a diferença.
*Maria José Rocha Lima é mestre e doutoranda em educação. Foi deputada estadual da Bahia de 1991 a 1999. Presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira.