Objetivo da pasta é que todos os adultos sejam vacinados com ao menos uma dose contra Covid-19 até o fim de setembro
O Ministério da Saúde confirmou um “ajuste na distribuição” na entrega de vacinas contra a Covid-19 . Com a alteração no processo, a pasta busca garantir a entrega da primeira dose (D1) às regiões que ainda não finalizaram a imunização dos adultos com o primeiro reforço. Assim, a prioridade serão os estados com calendário atrasado.
A expectativa do governo é de que todos as unidades da Federação finalizem a aplicação da primeira dose em pessoas de 18 anos ou mais até o fim de setembro. Algumas capitais já se aproximam da meta, como a cidade de São Paulo, que chegou a 99,2% de adultos vacinados com a D1 no último domingo (15/8).
Por isso, a proposta do Ministério da Saúde é enviar mais unidades aos estados que ainda estão com a vacinação lenta e não atingiram a meta do governo. “Precisamos agora ajustar para que a gente faça uma distribuição mais equânime para todo o país. Reforçando a mensagem de que não há alteração de metodologia. O norte continua o mesmo”, afirmou o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz.
O novo discurso é diferente do adotado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nas últimas semanas. No dia 6 de agosto, o ministro afirmou que o governo havia feito uma “mudança de metodologia”para garantir que todos os estados finalizassem a vacinação de forma igualitária.
“[No início da campanha de vacinação] Existia um público-alvo, que eram os idosos, profissionais de saúde e pessoas com comorbidades. Nós já atingimos essa população. E a partir daí se mudou a metodologia, passou-se a vacinar por faixa etária. Em função disso, esses denominadores mudaram e é por isso que há essa divergência”, explicou o ministro no início do mês.
Agora, o discurso dos integrantes da pasta é de que não houve “mudança de metodologia”, mas sim um “ajuste na distribuição das doses”. “Esse ajuste que é feito na distribuição é feito única e exclusivamente para vacinas de primeira dose. Não haverá nenhum prejuízo para distribuição na segunda dose”, informou.
Grupos prioritários
O ministro Marcelo Queiroga afirmou, novamente, que o ajuste na distribuição ocorreu porque o país terminou de vacinar pessoas dos grupos prioritários. Agora, a imunização é feita por faixa etária. De acordo com o ministro, alguns estados, como São Paulo, receberam mais imunizantes no início da campanha porque concentravam maior quantidade de indivíduos dos grupos prioritários.
“Isso aí salta aos olhos. Por que São Paulo recebia mais? É o estado mais populoso do Brasil, é o estado onde existem mais grupos prioritários. O mesmo se verifica em relação às comorbidades. Por isso, São Paulo avançou mais em relação aos outros, não é porque o Ministério da Saúde queria entregar mais doses”, explicou.
Com a alteração, o estado e outras regiões que enfrentam situação semelhante passarão a receber menos unidades de vacinas para a aplicação da D1 — já que a maior parte do público-alvo já foi imunizado. A mudança não vale para a D2, e o ministério garantiu que todos os estados receberão vacinas suficientes para completar o esquema vacinal da população.
Impasse com o estado de São Paulo
Na terça-feira (17/8), o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Ministério da Saúde garanta o envio de imunizantes suficientes de vacinas contra a Covid para a aplicação da dose 2 no estado de São Paulo.
O magistrado deferiu liminar para fixar que a União não pode mudar a metodologia de distribuição do composto, para completar o esquema vacinal de quem já tomou a primeira dose.
A medida foi tomada após o governo de São Paulo acionar a Justiça para pleitear o envio de imunizantes à região, alegando que o Ministério da Saúde entregou 50% a menos de doses da Pfizer do que deveria ter distribuído.
Isso porque São Paulo recebia aproximadamente 22% das vacinas destinadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI), proporcional ao tamanho de sua população. Entretanto, o Ministério da Saúdeajustou a distribuição para garantir que estados que estão atrasados na campanha consigam imunizar todos os adultos com a primeira dose até setembro.
No último domingo (15/8), o estado de São Paulo chegou a 99,2% dos maiores de 18 anos imunizados com uma dose. Agora, a prioridade do governo federal é garantir que outras regiões do país consigam vacinar os adultos com a primeira aplicação.
Além da mudança de metodologia, o Ministério da Saúde alegou que a redução no envio das doses da Pfizer se deu porque estado teria recebido unidades extras da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan. Por isso, a pasta entendeu que seria necessário reduzir o número de unidades da Pfizer entregues a São Paulo, a fim compensar as doses extras coletadas no laboratório paulista.