Miguel Lucena*
Os ideólogos do caos usam o pomposo nome da liberdade para que nada mude nas escolas públicas do Distrito Federal e do Brasil. É para que tudo fique como está: consumo e venda de drogas, agressões físicas e morais a professores, sexo livre nos banheiros, sexo anal como moda para evitar gravidez indesejada, aprendizagem zero, porquanto ninguém presta atenção em cartilhas surradas e proselitismos políticos.
Chamam de “intervenção militar” o Programa SOS – Segurança nas Escolas, do Governo do Distrito Federal, que prevê a atuação de policiais militares e bombeiros que se encontrem com restrição médica ou na reserva para atuarem nas escolas com a função de ajudar na formação disciplinar de alunos do 6º ao 9º anos do ensino fundamental e do ensino médio.
“Abaixo a ditadura militar!”, postou um militante jovem da Causa Operária, sem nem ter noção do que seja ditadura, enquanto apoia os ditadores da Coreia do Norte, de Cuba, da Venezuela e da China. Nesses países, ele não teria a liberdade de falar o que quer, como o faz no Brasil.
O projeto do Governo Ibaneis é uma experiência-piloto de gestão compartilhada, ficando a parte disciplinar com profissionais que trazem a experiência de colégios militares, cuja eficiência é comprovada em todos os exames realizados no País.
Como está é que não pode ficar. A professora Maria José Rocha destacou, em artigo, que o próprio Sindicato dos Professores (Sinpro) divulgou que 58% de 1.355 professores entrevistados já tinham sido vítimas de violência na escola. A pesquisa, realizada entre dezembro de 2017 e março de 2018, revelou que 70% dos mestres se afastaram por distúrbios psiquiátricos causados por problemas ocorridos no ambiente de trabalho.
Segundo a pesquisa, 74% dos professores já presenciaram algum tipo de violência dos alunos contra outro educador. Os principais agressores são os estudantes (43%). O relatório mostra ainda que o tipo mais comum de violência é a verbal, citada em 43% das entrevistas. Em seguida, estão as ameaças (29%) e o bullying (11%).
“Um relatório de Análise Criminal, da Polícia Civil do DF (2008), realizado a partir de dados colhidos em 406 unidades escolares das 642 existentes, já apresentava dados estarrecedores. O relatório reuniu dados das regiões administrativas e dos lagos, com exceção do Plano Piloto. Em 30% das unidades de ensino foram registrados casos de alunos que deixaram de ir à escola com medo da violência. E segundo especialistas esses dados pioraram, nos últimos anos”, acentua Maria José.
Vive-se um paradoxo: defendem-se ideologias, mesmo que à custa do perecimento do ensino público, ou aceitam-se novas ideias, retomando o caminho da lei, da ordem e da disciplina, para que a escola não se veja transformada em uma terra de ninguém.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.