Maria José Rocha Lima*
Quando soube da morte da professora Cátia Paim, por intermédio da professora Marinalva Nunes, presidente da ACEB, fiquei muito triste. Cátia lutava verdadeiramente pela educação especial e inclusiva. E fiquei mais triste ainda por ser uma morte, precocemente, causada por esse devastador e misterioso Covid 19. Mas de pronto me restabeleci, me confortei, sendo socorrida por Santo Agostinho, o Doutor da Igreja Católica, que nos ensina: “A morte não é nada” e, atrevidamente, digo: não é nada para gente que, como Cátia Paim, se imortalizará pela sua humanidade, pelo amor e dedicação ao próximo, pelo seu bem querer, pela sua competente atuação no magistério público e pela sua relevante obra para a educação, particularmente para a educação especial.
A professora desempenhou as suas atividades na área da Educação Especial com muita técnica, amor, apego sincero e devoção, durante toda a sua trajetória profissional. Foi professora do Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual – CAP – e teve uma atuação destacada na sua direção. Atuou também na Sala de Recursos Multifuncionais e foi superintendente de Acompanhamento e Avaliação, na Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Deixa como um dos seus importantes legados as Diretrizes para a Educação Inclusiva no Estado da Bahia.
A sua dedicação à causa da inclusão dos deficientes está, também, registrado no seu rico Currículo Lattes. Cátia era licenciada em Pedagogia com Habilitação em Administração e Orientação Educacional pela Universidade Católica do Salvador (1986). Em Cuba, fez Mestrado em Educação Especial pela UEFS, num convênio com o Centro de Referência Latino Americana pela La Educacion Especial – CELAEE.
A professora participou de centenas de eventos nacionais e internacionais, como palestrante, aluna ou ministrando cursos. Cátia Paim fez vários cursos de aperfeiçoamento, várias especializações, escreveu artigos científicos e capítulos de livros e participou de várias Bancas Acadêmicas para avaliação de monografias.
Em 1989, Cátia Paim foi agraciada com Menção Honrosa do Ministério da Educação. Em 2006, recebeu o Título Honorífico de Gratidão da Secretaria de Educação do Estado da Bahia.
Participou de programas internacionais, como Visitante Internacional para Líderes em Educação, iniciativa de Intercâmbio Profissional do Governo dos Estados Unidos para profissionais de destaque na área de Educação. Em 2005, participou de Programa de Intercâmbio do Conselho Britânico para Gestores do Sistema Educacional, permanecendo em Londres de 23/06 a 04/07. Visitou departamentos de educação, universidades e escola, em Cambridge.
Em 2006, realizou visitas ao Ministério da Educação e Departamentos de Educação, Escolas e Universidades nos Estados Unidos – Distrito de Columbia e aos Estados de Maryland, Carolina do Norte, Missouri, Wyoming e Califórnia.
Em 2010, Cátia Maria Paim da Cruz recebeu o 3º Prêmio dos Melhores do Ano no Serviço Público.
Lamentamos a perda da querida professora Cátia Paim. São tantas as suas contribuições que temos que voltar aos ensinamentos de Santo Agostinho: “Para nós ela passou para o outro lado do Caminho. O que ela era para nós, continuará sendo”.
Vamos falar com ela por meio da sua obra, lembrá-la permanentemente pelas suas realizações, pelos diplomas e prêmios que já a homenageiam e outros que devem continuar sendo criados com o seu nome; vamos nomear unidades de educação especial nas cidades nas quais realizou trabalhos relevantes.
Devemos ostentar o seu nome como uma bandeira da Educação Inclusiva, nomeando o Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual – CAP Cátia Paim! Outra vez, escutemos Santo Agostinho, que ao tratar da morte recomenda: “Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Pensem em mim”.
Claro que dizemos tudo isto para nos confortar; confortar os familiares; confortar os amigos de Cátia e não são poucos; confortar os seus alunos; confortar deficientes visuais que ganharam nova vida com as suas estratégias e práticas pedagógicas, sempre regadas por emoções e acompanhadas de ações concretas brotadas da sua mente inovadora e do seu generoso coração, como testemunham tantos deficientes visuais da Bahia, como o amigo e militante da educação João dos Prazeres.
Faço minhas as palavras do Doutor da Igreja:
“Que meu nome seja pronunciado como sempre foi. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Por que eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho…Você que aí ficou, siga em frente”.
*Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia. Foi deputada de 1991 a1999. é presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. Dirigente da Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise-ABEPP. Pertence a Organização Internacional de Soroptimistas- Região Brasil- Clube do Sudoeste Brasília.