Reajuste de 6,3% autorizado pela Petrobras reproduz alta no mercado do petróleo e variação do dólar. Em 12 meses, aumento na cotação internacional chega a 69%. Tendência deve se manter
O primeiro reajuste de combustíveis autorizado pela gestão de Joaquim Silva e Luna no comando da Petrobras aumentou o mau humor do brasileiro com o custo de vida. Desde ontem a gasolina, o diesel e o GLP (Gás Liquefeito Petróleo) estão mais caros nas distribuidores, com percentuais que variam entre 3,7% e 6,3%. Enquanto especialistas afirmam que a escalada de reajustes é uma tendência em razão do mercado global de petróleo, os consumidores amargam a carestia.
Hugo Passos, economista autônomo, explica que o Petróleo Brent, utilizado pela Petrobras como referência, acumula uma alta de 69,47% nos últimos 12 meses. “O preço é internacional, tem relação direta com o dólar. Portanto o impacto na ponta é mais forte, impactando diretamente na inflação, que já acumula alta de 8,06% em 12 meses e pode piorar. No final quem paga são as famílias que já vêm sofrendo com reajustes de preços, principalmente em alimentação”, lamenta. “Em São Paulo, a gasolina está com média de R$ 5,47 e o etanol com R$4,07. No Rio de Janeiro e Belo Horizonte, chega R$ 6,00 ou mais na gasolina”, disse. No Distrito Federal, estabelecimentos também já vendem gasolina acima de R$ 6.
Victor Procopio da Silva, 20 anos, operador de cobranças, faz parte daqueles que sentem o “impacto na ponta” mencionado pelo economista Hugo Passos. “Vivemos com orçamento limitado para as contas e, mais uma vez, somos pegos de surpresa. Com esse reajuste, torna-se quase impossível conseguir sustentar um veículo hoje no Brasil para quem vive de salário mínimo”, afirma. “Além do combustível a inflação está alta, um salário mínimo já não é o suficiente para quem tem uma família para sustentar”, acrescenta.