Miguel Lucena
As manifestações convocadas antecipadamente para o dia 12, em defesa do impeachment de Bolsonaro, foram esvaziadas no dia em que o presidente assinou a carta escrita pelo ex-presidente Michel Temer. A brecada dada pelo chefe do Executivo, praticamente pedindo desculpas ao Judiciário e ao ministro Alexandre Morais, do STF, enfraqueceu a mobilização, que já não estava lá essas coisas, dada a ausência do PT.
Há uma polarização entre o bolsonarismo e o petismo. O centro-direita e o centro-esquerda poderão ser a opção da maioria numa eleição, mas não levam gente para as ruas em um momento de polarização.
As pessoas só vão às ruas quando têm interesse ou paixão. Muita gente teria ido aos protestos de domingo se o presidente mantivesse a radicalização do discurso que proferiu na Avenida Paulista, ameaçando desobedecer ordens judiciais e xingando um ministro do Supremo.
Quando Bolsonaro sentiu que havia exagerado, “pulado o corguinho”, como se diz em Goiás, ele jogou um balde de água fria nas manifestações. A não-adesão do PT acabou por enfraquecer o evento, puxado pelo MBL e pelo Vem Pra Rua, movimentos que atuaram fortemente pelo impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.
A polarização mantém Bolsonaro e Lula no páreo, por isso um está aí para acudir outro.