sábado, 02/08/25
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Além do tarifaço, Brasil pode sofrer sanções dos EUA por comércio com a Rússia, dizem senadores que viajaram a Washington

Indicação é que governo norte-americano deve aprovar uma lei que cria sanções automáticas para países que têm relação comercial com Moscou nos próximos 90 dias.

Tarifaço: senadores brasileiros falam com a imprensa durante visita aos EUA — Foto: Reprodução/GloboNews

 

Senadores brasileiros que estiveram em Washington para abrir um canal de diálogo com o Congresso e o setor privado dos EUA afirmaram nesta quarta-feira (30) que a relação comercial do Brasil com a Rússia pode gerar uma nova tensão com os norte-americanos.

“Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias”, afirmou o senador Carlos Viana (Podemos-MG) a jornalistas.

 

“Tanto republicanos quanto democratas foram firmes em dizer que vão aprovar uma lei que vai criar sanções automáticas para todos os países que fazem negócios com a Rússia”, completou.

A comitiva destacou que esse será um dos temas levados ao governo brasileiro, reforçando que, na visão dos parlamentares norte-americanos, países que mantêm negócios com Putin contribuem para a intensificação do conflito entre Moscou e Kiev.

“Eles estão preocupados em acabar com a guerra [com a Ucrânia], e eles acham que quem compra da Rússia dá munição para a guerra continuar”, afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

A importação de combustíveis russos por diversos países tem sido um tema sensível entre republicanos e democratas nos EUA. No caso do Brasil, os principais produtos importados da Rússia são combustíveis e fertilizantes.

Mais cedo nesta quarta-feira (30), o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma “multa” à Índia como penalidade pelas negociações do país com a Rússia envolvendo equipamentos militares e energia.

“Embora a Índia seja nossa amiga, ao longo dos anos fizemos relativamente poucos negócios com eles porque suas tarifas são altíssimas, entre as mais altas do mundo, e eles têm barreiras comerciais não monetárias mais rigorosas e incômodas do que qualquer país”, afirmou o republicano em uma publicação no Truth Social.

 

Trump acrescentou que a Índia, assim como a China, sempre comprou a maior parte de seus equipamentos militares e de energia da Rússia, mesmo em um momento em que o mundo pressiona Moscou para que “pare com a matança na Ucrânia”.

“Tudo isso não é bom! A Índia, portanto, pagará uma tarifa de 25% mais uma multa pelo citado acima, começando a partir de 1º de agosto”, completou o republicano.

‘Conseguimos abrir canal de conversa’, dizem senadores

Um dos principais objetivos da comitiva era estabelecer um canal de comunicação com parlamentares norte-americanos e com empresas que podem ser impactadas pelo tarifaço de Trump.

De acordo com os senadores, apesar da dificuldade em dialogar com parlamentares republicanos — apenas um respondeu ao convite —, a comitiva conseguiu cumprir o esperado.

“Conversamos com um número razoável de parlamentares, conversamos com diversas companhias e tivemos o apoio completo desses empresários porque eles também têm prejuízo com essa situação”, afirmou o senador Marcos Pontes (PL-SP).

 

Mesmo com a proximidade do dia 1º de agosto — data em que entram em vigor as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas por Trump —, o Brasil ainda não obteve avanços significativos nas negociações com os EUA.

Para o senador Carlos Viana, o “gesto de boa vontade” da comitiva em buscar diálogo com os EUA foi bem recebido e abriu a possibilidade de isenção para alguns setores que não possuem produção local em território americano.

“Nós ouvimos ontem dos senadores americanos que taxar o Brasil nesses setores de café, grãos e outras áreas que eles têm dependência seria um gol contra para os EUA”, disse o senador a jornalistas.

“Mas uma coisa que os empresários colocaram com clareza é que o Brasil precisa trazer à mesa de negociação muito mais do que apenas um pedido de não-tarifas, mas precisa trazer novamente um diálogo de parceria com os EUA, que está suspenso há pelo menos três anos”, completou.

 

Os senadores também destacaram a importância da participação do presidente Lula (PT) nas negociações e defenderam que o diálogo continue mesmo após o início da vigência das tarifas, em 1º de agosto.

Nesta quarta-feira (30), em entrevista ao jornal “The New York Times”, o presidente Lula (PT) afirmou que tentou estabelecer diálogo com a Casa Branca, mas “ninguém quer conversar”.

“O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato”, afirmou Lula.

 

“Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível”.

O petista também reiterou que não pretende conduzir as negociações sobre o tarifaço como uma disputa entre um “país pequeno contra um país grande”.

“Nas negociações políticas entre dois países, a vontade de nenhum deve prevalecer. Nós sempre precisamos encontrar um meio-termo. Isso não é alcançado ‘estufando o peito’ e gritando coisas que você não pode entregar, nem abaixando a cabeça e simplesmente dizendo ‘amém’ a qualquer coisa que os Estados Unidos quiser”, prosseguiu.

 

 

 

 

 

 

 

 

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