Maria José Rocha Lima*
A exoneração do subsecretário de Educação Básica do Distrito Federal, que se opôs ao Programa SOS Segurança nas Escolas, criado pelo Governador Ibaneis Rocha, expõe uma profunda contradição entre a comunidade do DF e grupos ideológicos. As classes populares, que vivenciam a violência escolar e o fracasso escolar dos filhos, defendem a proposta, enquanto grupos de classe média, ditos democráticos, cujos filhos estudam em escolas particulares, a condenam.
O governador acertou em cheio ao criar o programa. É rara a experiência de escolas militares em áreas pobres e vulneráveis. Os que demandam esse modelo de escola são os pais, os professores e os estudantes que vivem amedrontados pelos crescentes índices de violência escolar e não suportam mais a baixa qualidade de ensino nas escolas públicas.
É inegável que no DF há muitas comunidades escolares que vivem sobressaltadas, 40 destas em situação de alto risco, com a freqüência de brigas, roubo, uso e porte ilegal de armas no interior e nas imediações das unidades escolares. E ninguém duvida que os índices crescentes de violência e de criminalidade afetam fortemente o cotidiano escolar e abalam a confiança dos pais em relação à escola, pois ao mandarem os filhos para a escola não sabem se voltarão para casa, se serão iniciados em drogas, álcool e em práticas sexuais precoces.
Os efeitos da violência escolar podem ser em muitos casos perversos e duradouros. Um estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República indicou que oenvolvimento do jovem com a violência e a criminalidade seria destacado como um dos maiores impedimentos à sua inserção no mercado de trabalho, uma vez que, em diversas experiências, alguns beneficiários já cometeram pequenos delitos e esbarram na exigência do certificado de bons antecedentes para conseguir um emprego. Por isso, os pais, que sabem onde o calo aperta, veem nas escolas militares uma solução. Elesdesejam que os seus filhos aprendam e tenham melhores oportunidades na vida. Sabem que as escolas militares estão entre as melhores do país.
A Escola Militar de Brasília ocupa o primeiro lugar no ranking das melhores e vem aumentando anualmente a sua média, desde a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. Em 2016, o Colégio Militar do Distrito Federal foi o primeiro lugar, no IDEB, tendo atingido a nota 7,9, aumentando 0,2 ponto em relação a 2015, edição anterior do índice. Em 2017, nos anos finais do ensino fundamental, a instituição de maior destaque foi o Colégio Militar de Brasília, que atingiu 7,3 pontos. Na segunda colocação, aparece o Colégio Militar Dom Pedro II, com nota 7,0. E em terceiro lugar ficou o Colégio Militar Tiradentes, com nota de 6,9. A média de todas as instituições é de 2,3.
Contraditoriamente, os autodenominados “democratas”, que defendem inclusão e denunciam que as escolas militares só se instalam em áreas privilegiadas, opõem-se à implantação em áreas pobres e vulneráveis. Querem declarar como caso encerrado qualquer debate sobre gestão compartilhada entre diretores civis e militares, tratando como consensuais suas concepções, eivadas de contradições, muitas vezes insustentáveis numa discussão teórica profunda e honesta.
Os colégios militares são as melhores escolas do país, e contra fatos não há argumentos. O método da construção de um projeto de Estado há que partir não de dogmas e de decisões a priori, mas daquilo que já deu certo. É preciso reconhecer os experimentos que prosperam para difundi-los, e as escolas militares estão entre as poucas coisas que deram certo no Brasil.
*Maria José Rocha Lima (Zezé) é mestre e doutoranda em Educação. Ex-deputada pela Bahia (1991 a 1999), preside em Brasília a Casa da Educação Anísio Teixeira.