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Miguel Lucena
Zé Limeira, conhecido como “o Poeta do Absurdo”, foi um dos personagens mais marcantes da cultura popular nordestina. Natural do sertão da Paraíba, ele ganhou notoriedade como repentista, sendo lembrado por suas poesias irreverentes, recheadas de absurdos, anacronismos e uma lógica surreal. Seus versos desafiavam a estrutura convencional da literatura de cordel e do repente, misturando elementos históricos, religiosos e folclóricos, de maneira inesperada e humorística.
Limeira se destacou pela criatividade e ousadia, trazendo para seus poemas elementos que pareciam não pertencer ao universo da cantoria. Ele falava de personagens bíblicos em contextos modernos, colocava figuras históricas como Dom Pedro e Napoleão em eventos do sertão, e brincava com a lógica temporal e espacial. Essa liberdade de criação fez dele um símbolo da genialidade espontânea do improviso nordestino.
Orlando Tejo, o Biógrafo
Orlando Tejo, escritor, advogado e jornalista paraibano, foi o principal responsável por documentar e eternizar a figura de Zé Limeira. Seu livro “Zé Limeira, o Poeta do Absurdo”, publicado em 1973, é a principal obra sobre o repentista. A obra mistura ficção e realidade, apresentando Zé Limeira como um personagem que transcende a simples figura do poeta popular, tornando-se um ícone da inventividade e da cultura do Nordeste.
Tejo não apenas coletou os versos e as histórias de Limeira, mas também os reimaginou, ampliando seu impacto cultural. Embora existam debates sobre o quanto do Zé Limeira retratado por Tejo é baseado em fatos ou na imaginação do autor, o livro desempenhou um papel fundamental na preservação da memória do repentista.
Legado
O legado de Zé Limeira e Orlando Tejo ultrapassa gerações. Limeira representa a essência do improviso poético nordestino, enquanto Tejo desempenhou um papel essencial como guardião dessa memória. Juntos, eles mantêm viva a riqueza cultural do sertão, inspirando poetas, escritores e estudiosos até os dias de hoje.