Fátima Baldez*
Ela ficou em quinto lugar, mais de cinco segundos atrás da primeira colocada. Deixou a piscina olímpica sorrindo, celebrando aquela doce “derrota”. O ouro já fora conquistado, lá atrás, quando nadou para salvar a própria vida.
Yusra Mardini, 6 anos atrás, encarou o Mar Mediterrâneo, fugindo da Síria. No barco, superlotado, o motor não aguentou e parou. O desespero tomou conta de quase todos… Hora de escolher: morrer à deriva ou lançar-se nas águas geladas? O instinto de sobrevivência venceu, é lógico! Ela e sua irmã nadaram por mais de 3 horas. Empurraram a embarcação até a Grécia, salvando mais 18 vidas. Verdadeiro exemplo de grandeza e solidariedade.
Agora, nas Olimpíadas de Tokyo, como membro da “delegação de refugiados”, Yusra voltou a encantar o mundo. Dessa vez, com o lindo nado borboleta, que exige grande força. Perfeito sincronismo de pernas e braços. De arrepiar! Ela concluiu a prova lindamente, fez o que foi fazer, certa de que já era medalhista.
“Se os refugiados tiverem orgulho de mim, é o que importa!”, disse ela, sob intensos aplausos.
Às vezes, as lutas vêm e fazem com que reposicionemos o verdadeiro valor das coisas na vida.
Até quando jogaremos na vala o que realmente importa? Yusra esfregou nas nossas caras a vastidão da existência forjada na superação. Nadar, correr ou até rastejar, o que importa é chegar!
Aplausos para Yusra!