PCDF pediu o sequestro de nove carros de luxo, como Ferrari, Lamborghini e Mercedes, além de uma mansão no Park Way avaliada em R$ 4 milhões
Estourado no YouTube, Instagram e Facebook, e dono de uma legião formada por 4 milhões de seguidores, o influenciador digital Kleber Rodrigues de Moraes, ou simplesmente Klebim, é alvo de uma megaoperação desencadeada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na manhã desta segunda-feira (21/3). A ação da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) desmantelou um esquema de rifas ilegais e lavagem de dinheiro, que rendeu milhões de reais ao investigado.
A PCDF cumpre quatro prisões temporárias, sete mandados de busca e apreensão, sequestro de nove carros de luxo, como Ferrari, Lamborghini e Mercedes, além do arresto de uma mansão no Park Way avaliada em R$ 4 milhões. A corporação ainda pediu o bloqueio de R$ 10 milhões das contas de quatro investigados e de três empresas envolvidas no esquema criminoso.
Polícia também apura crime de lavagem de dinheiroHugo Barreto/Metrópoles
Youtuber movimentou mais de R$ 20 milhõesHugo Barreto/Metrópoles
As apurações da Operação Huracán apontaram que o influenciador digital utiliza seus perfis nas redes sociais para promover e realizar sorteios de veículos de luxo, com sofisticados sistemas de som e customização. Klebim e outros três alvos foram presos temporariamente pelos crimes de lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar.
Veja quem é o influencer Klebim Moraes:
Kleber Moraes, conhecido como Klebim, é influenciador digital e criador de conteúdo para a internetInstagram/Reprodução
Com mais de 4,1 milhões de seguidores nas redes sociais (YouTube e Instagram), Klebim se tornou referência no segmento e fatura alto na internetInstagram/Reprodução
Por lá, já são 158.162.098 visualizações desde a data da criação do canal, em 2016Instagram/Reprodução
Pelo Instagram, o influencer compartilha seu dia a dia em dois perfis, somando 1,8 milhão de seguidores. Nos posts, não esconde a vida luxuosa que levaInstagram/Reprodução
Nos Stories, é comum vender rifas de carros luxuososInstagram/Reprodução
Entre carrões e festas, Klebim virou referência em Dub Style, criado na América do Norte e popularizado por rappers e pelo cinema, em filmes como a franquia Velozes e FuriososInstagram/Reprodução
Lavagem de dinheiro
De acordo com as investigações, os sorteios não são autorizados pelos órgãos competentes, e o youtuber não recolhe impostos. Klebim, segundo a polícia, lava o dinheiro dos sorteios com a aquisição de veículos superesportivos, que são registrados em nome de laranjas – incluindo a mãe do influenciador – e empresas de fachada.
Além de Klebim, foram presos, acusados de integrar o esquema criminoso, Pedro Henrique Barroso Neiva, Vinícius Couto Farago e Alex Bruno da Silva Vale. Todos teriam ajudado a movimentar as rifas clandestinas e auxiliado na entrega dos veículos, por isso recebiam comissões em dinheiro pagas pelo influenciador digital.
A DRF identificou que o esquema era altamente lucrativo e apurou que os criminosos movimentaram R$ 20 milhões em apenas dois anos. Para se ter ideia do poder de compra de Klebim, a polícia apreendeu uma Lamborghini Huracán e uma Ferrari 458 Spider. Os superesportivos são avaliados em R$ 3 milhões cada.
Veja carrões do youtuber:
Pelo Instagram, o influencer compartilha seu dia a dia em dois perfis, somando 1,8 milhão de seguidores. Nos posts, não esconde a vida luxuosa que leva em BrasíliaInstagram/Reprodução
Instagram/Reprodução
Especialista na customização de veículos e no lifestyle Dub, Kleber Moraes, conhecido como Klebim, adora usar as redes para mostrar carrões, eventos, exposições e entrevistas com famosos do automobilismoInstagram/Reprodução
Caminho do dinheiro
A polícia mapeou o caminho dos milhões amealhados com a venda das rifas. Os valores eram pagos por meio de plataformas digitais, como Mercado Pago e PayPal, e caíam diretamente na conta das empresas de fachada, como a Estilo DUB Publicidade. Segundo as investigações, a firma é de fachada, e utiliza e oculta os valores provenientes das rifas ilegais.
De acordo com o diretor da DRF, delegado Fernando Cocito, o conluio criminoso era descarado e capitaneado por influenciadores digitais que arrastavam milhares de seguidores com o discurso de legalidade e lucratividade das rifas de veículos.
“Os presos influenciaram dezenas de outros contraventores que, em toda a Região Centro-Oeste do país, passaram a disseminar perfis, canais e sítios eletrônicos de rifas ilegais e a ocultar valores oriundos da contravenção, em prejuízo da ordem econômica e do sistema financeiro”, afirmou.
Rifa clandestina
A rifa clandestina é prática ilegal, de acordo com o Ministério da Economia, órgão responsável por regrar e fiscalizar loterias e jogos de azar no país. Segundo a pasta, ainda que o dinheiro da rifa sirva para bancar projetos de veículos – ou seja, total ou parcialmente direcionado para caridade –, a prática é considerada clandestina e irregular.
A legislação permite sorteios e rifas com venda de cotas apenas para instituições filantrópicas e mediante autorização especial; nesse caso, os sorteios devem ser realizados necessariamente via Loteria Federal. O órgão informa que “a exploração de bingos, loterias e sorteios é atividade ilegal e constitui contravenção penal”, além de consistir em um “serviço público exclusivo da União”.
Por meio de nota, o ministério informa que, se houver comprovação de prejuízos a qualquer participante, poderá ser configurado ilícito penal ou, “no mínimo”, lesão ao consumidor.