Foto: Arquivo pessoal
Maria José Rocha Lima*
Os feriados e viagem à Bahia por duas semanas me privaram das magistrais aulas de Homilética, ministradas pelo professor Orcélio Amâncio, e do Estudo das Realizações Inspiradas de Neemias, ministradas pelo professor Davi Silva, no Curso de Teologia, e das deliciosas companhias de colegas aos sábados. Fizeram muita falta os contatos com a Reitora da Unieco, a Pastora Maria Clara Serpa; com professores tão generosos no compartilhar conhecimentos e com as agradáveis companhias de colegas. Estes colegas são felizes porque estão ali e escolheram novas e fecundas aprendizagens teológicas; não estão ali para se preparar para exames, muitas vezes, dolorosos. São profissionais de diversas áreas, professores, psicólogos, delegada, empresários, estudantes universitários, pastores, muitos vêm de famílias tradicionais evangélicas. Eles decidiram ampliar os seus conhecimentos no campo da Teologia e por isto gozam do prazer de aprender, espalham iguarias e brincadeiras, nos intervalos. Quase todos rememoram a infância, quando frequentaram a escola.
Na Bahia, visitando minha mãe, eu senti muita falta das brincadeiras pueris, a rasura da minha nota no quadro de notas feita pelo colega Carlos De Luca, um homem de dois metros, de igual grandeza em amorosidade com os colegas, experiências empresariais, políticas e religiosas, como líder ou co-líder nos cursos da Universidade da Família. Ele tem um “comparsa” de igual grandeza, o professor Gladson, que o auxilia, com ousadia, na “rasura das notas”, nas gaiatices, é claro! Tudo isto com gostinho de infância. Eu só me refiro aos dois como “rasuradores”. E eles teatralmente representam os personagens ofendidos, diante do falso testemunho, e dizem que reagirão na justiça.
O curso oferecido conta com excelentes professores, como os atuais, já referidos, e outros como os professores Edmilson Gouveia, de Teologia Bíblica; Raul da Silveira Martins Neto, de Hermenêutica, e Josias Costa, de Religiões comparadas. Todos eles nos deram e dão tanta alegria, pela dedicação na formação de inteligências e elevação dos espíritos, que temos um enorme prazer de aprender, de frequentar as aulas e rememorarmos os prazeres da infância.
Eles suportam com tamanha inteligência e resignação as nossas brincadeirinhas pueris que parecem em alguns momentos psicanalistas, que para Gilberto Freire eram espiões, e até fazem perguntas indiscretas. Durante os lanches, nós soltamos as frangas, isto é, brincamos livremente, atormentamos colegas acusando – os de rasurarem notas. Somente,
brincadeira de criança. Certo dia, perguntei ao professor Orcélio – por que eles rasuram minhas notas? E o professor respondeu – é amor, Zezé! Marcela De Luca, esposa do Carlos De Luca, só faz rir. E conta que tudo começou com uma colega da turma anterior que só tirava dez, mas era sisuda, não gostou da brincadeira da rasura e sentiu-se ofendida. E como a aluna é uma ex- Procuradora de Justiça, ameaçou-lhes com uma ação. É claro que a reitora tomou providências na divulgação mais protegida das notas para evitar adulterações, mas lidou técnica sem perder o humor.
As instituições de ensino, imitando a UNIECO, precisam ter a excelência de professores seguros e a porosidade necessária, criando esse tipo de ambiente prazeroso para aprender. É preciso transformar a instituição de ensino num ambiente feliz, um espaço de aprendizagem com prazer. Aliás, essa é a origem milenar da escola, um lugar para desfrutar as aprendizagens, o espaço de cultura, para dar lugar ao pensamento livre e também ao ócio. Falta muito nas nossas escolas para torná-las um espaço feliz!
Obrigada a todos os colegas que dão asas às memórias da infância, especialmente Carlos De Luca e Jadson Jadson Cabral de Lima, por espalharem alegrias enquanto aprendem!
*Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia e doutora em psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É fundadora da Casa da Educação Anísio Teixeira.
Show! Que leveza na descrição pueris de nossa turma de aula! Um dom de Deus na mente e na pena dessa maravilhosa escritora! Que Deus continue te abençoando sem medida!