Miguel Lucena*
Os mais experientes advertem, nos bastidores, para a existência, no ambiente político, de uma desnecessária disputa de egos e ambições pessoais, acima de convicções políticas e ideológicas.
A falta de costume com o poder embriaga quem o assume pela primeira vez, levando ao cometimento de erros que são, no futuro, avaliados como primários.
Em passado recente, o governo Collor se perdeu em performances atléticas e desdém aos mais antigos, apesar de ter aberto as portas do Brasil para o futuro. Sabemos qual foi o resultado.
As raposas tucanas souberam administrar as intrigas, apesar da oposição cerrada de José Dirceu e companheiros. Fernando Henrique governou oito anos e escapou de todas as denúncias, porque quem derruba é mesmo o fogo amigo.
O PT se sustentou 13 anos no poder à custa de uma presença forte nos movimentos sociais e muito dinheiro para comprar os mesmos de sempre, mas os governos Lula e Dilma andaram permanentemente na corda bamba em decorrência das intrigas petistas, um querendo derrubar o outro do mesmo partido e dos partidos aliados, o que provocou a reação de Roberto Jefferson e a descoberta do Mensalão.
Mesmo depois do Mensalão, as intrigas continuaram entre os grupos de Dirceu, Palocci, José Eduardo e Lula.
Quando a Lavajato avançou, os investigadores saíram analisando os novos dados com os dossiês espalhados ao longo dos anos. O resultado é que os contendores estão presos, enquanto raposas que ficaram quietas, mesmo comendo na mesma gamela, continuam soltas.
O novo Governo do Brasil, que se instalará a 1o de janeiro, corre sérios riscos de se espatifar antes do tempo se pessoas experientes não entrarem em cena para conter os deslumbrados e neófitos, os quais não perceberam a importância e o significado da nova quadra que se inicia, achando que participam de uma guerra de travesseiros em uma noite do pijama.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.