Laboratório da UnB — Foto: IQ/Secom UnB
A vacina chinesa contra o novo coronavírus, que será testada pela Universidade de Brasília (UnB), chegou ao Brasil na madrugada desta segunda-feira (20), em São Paulo. No Distrito Federal, cerca de 850 profissionais de saúde voluntários serão os primeiros a participar do estudo.
De acordo com o professor Gustavo Romeno, que coordena a pesquisa no DF, os voluntários não podem ter sido infectados pelo SARS-Cov-2 até o começo dos testes. Outros critérios de seleção, no entanto, não foram divulgados.
“Metade desses profissionais receberá a vacina, e a outra metade um placebo.”
As vacinas foram produzidas pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. A pesquisa na UnB é parte de um estudo coordenado pelo Instituto Butantan, que também será realizado em cinco estados do país.
De acordo com o professor Gustavo, nove mil voluntários devem participar da pesquisa em laboratórios nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, além de Brasília.
O pesquisador explica, no entanto, que o início da pesquisa “depende de um protocolo a ser publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”.
De acordo com a UnB, ainda não há uma data prevista para o início da aplicação das doses. “Em breve, anunciaremos a forma de cadastramento de possíveis candidatos a participar da pesquisa”, informou a universidade.
Corrida em busca da vacina
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que até esta segunda-feira (20) havia 163 vacinas sendo testadas contra o novo coronavírus (Sars-Cov-2), sendo que 23 delas estão na fase clínica, que é o teste em humanos.
Embora os estudos avancem em todo o mundo, o prazo de 12 a 18 meses para liberação é considerado um recorde. A vacina mais rápida já criada, a da caxumba, levou pelo menos quatro anos para ficar pronta.
Fases de uma vacina
Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas para testar a segurança e a resposta imune da substância. Primeiro há uma fase exploratória, com pesquisa e identificação de moléculas promissoras (antígenos). O segundo momento é a fase pré-clínica, em que ocorre a validação da vacina em organismos vivos, usando animais (ratos, por exemplo). Só então é chegada à fase clínica, em humanos, em três fases de testes:
- Fase 1: avaliação preliminar com poucos voluntários adultos monitorados de perto;
- Fase 2: testes em centenas de participantes que indicam informações sobre doses e horários que serão usados na fase 3. Os pacientes são escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados;
- Fase 3: ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da eficácia/segurança e prever eventos adversos; só então há um registro sanitário.
Até esta segunda-feira (20), a empresa farmacêutica Sinovac Biotech realizou testes do produto em cerca de 1 mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Segundo o governo de São Paulo, que fez a parceria com o Instituto Butantan, a aplicação em macacos apresentou “resultados expressivos” na imunização contra proteínas do novo coronavírus.
O objetivo dos novos testes a serem realizados no Brasil é demonstrar a eficácia e segurança da vacina em humanos.