Louise Ribeiro se negava a reatar relacionamento com veterano de biologia. Vinícius Neres ocupa cela de 5 m² e toma banho de água fria na Papuda.
O rapaz também diz desconhecer a razão que o levou a cometer o crime, mas afirma saber que não foi por amor. “Eu ainda não sei por que a matei”, afirmou em coletiva à imprensa. O jovem atualmente está isolado no Centro de Detenção Provisória da Papuda, por causa da comoção gerada pelo caso. “Definitivamente, não foi pelo motivo de amor.”
O assassinato aconteceu na noite de quinta. Louise foi dopada e depois teve 200 ml de clorofórmio despejado na boca. O produto é tóxico e causa morte. Neres, que era veterano da garota e monitor do Instituto de Biologia, prendeu então os pés e as mãos da menina e enrolou o corpo dela em um colchão inflável. O transporte foi feito em uma espécie de carrinho de mão até o veículo da vítima, que estava em uma área de cerrado no Setor de Clubes Norte.
A UnB realizou na segunda-feira (14) duas homenagens à jovem. Na primeira, pela manhã, amigos deram depoimento sobre a convivência com Louise e tocaram músicas para representá-la. Depois,plantaram um ipê rosa – cor preferida da menina – inaugurando o jardim central do Instituto de Biologia.
Pai dela, o tenente-coronel Ronald Ribeiro afirmou que gostaria de ter dito ao suspeito para aprender a respeitar quando as pessoas dizem “não”. “Respeitem, por favor, que quando alguém disser ‘não’ é ‘não’. Aprendam, aceitem isso. Se você realmente ama aquela pessoa, aprenda a admirá-la, isso que é importante. Isso que eu gostaria de ter dito ao Vinícius quando ele me ligou perguntando pela Loiuse. Eu disse: ‘eu quero conversar com você olhando no seu olho’. Mas, infelizmente, não foi possível”, declarou.
Na segunda, estudantes e professores se reuniram no teatro de arena e fizeram um minuto de silêncio pela memória da jovem. Eles também cantaram uma música para elogiá-la e discursaram sobre feminicídio.
A universidade instituiu luto por causa da morte da estudante. As aulas não foram suspensas, mas os professores receberam recomendação de liberar os alunos nos horários das homenagens. A reitoria disse que vai reforçar a iluminação e a segurança no período noturno para evitar novos crimes na UnB.
Crime
Louise e o suspeito tiveram um relacionamento de dois meses, segundo o advogado, embora Neres tenha dito que o namoro tenha durado nove meses. Ele disse que ainda era apaixonado pela estudante. Algemado, o rapaz deu detalhes do crime em uma coletiva de imprensa sem aparentar nervosismo.
Ao ser perguntado se achava que tinha algum problema mental, afirmou que já havia pensado na hipótese. “Eu quis fazer um tratamento contra depressão, principalmente, mas nunca cheguei a fazê-lo. Então precisaria de uma avaliação.”
Colegas descreveram a menina como risonha e doce. Sergipana, ela tinha 20 anos, era apaixonada por tartarugas e estagiava no Ibama. “Uma ótima amiga, sempre muito alegre, sempre prestativa. Apaixonada pela vida, pelas tartarugas, pela vida marinha”, disse Bruna.
“Não sei como vai ser esse semestre, olhar para frente e não ver aquele ponto loiro com rosa, que sempre sabia de tudo, até da economia dos países que ninguém conhece”, afirmou Lucas. “As saídas não serão as mesmas. Sempre vou achar que está faltando alguém.”
Vice-reitora e professora de biologia, Sônia Báo descreveu o momento como “muito difícil”. “Vamos lembrar da Louise com aquele sorriso, com a alegria que ela teve enquanto estava entre nós.”