Miguel Lucena*
Pode ser sinal dos tempos que as pessoas mal comemorem a conquista do momento e comecem a delirar com coisas maiores, como o jovem que, aprovado no Vestibular de Direito, já tenha como meta ser desembargador ou ministro de tribunais superiores.
Não escrevo sobre suposições, já vi e ouvi um ou outro estudante dizer que só ficaria satisfeito de juiz para cima. Não se sente a paciência de iniciar o curso, conhecer a matéria, avaliar se tem vocação para aquela área do saber e verificar se reúne as condições para concluí-lo, porque estudar não é fácil.
Depois da graduação, vem a fase de estudar para concursos. Alguns se mostram geniais e são aprovados logo cedo para funções que exigiriam alguma experiência de vida. Como nunca levaram uma topada, agem, quase sempre, com arrogância juvenil perante os semelhantes.
As pessoas estão com muita pressa, como se o mundo fosse acabar no dia seguinte. Chegam querendo mandar nas repartições, passam por cima da história, tentam humilhar os mais experientes e acabam quebrando o cachimbo.
É generalizada a ansiedade de uma geração que só quer ficar por cima.
Dia desses, ouvi da boca de um distrital eleito que a meta dele é ser presidente da República.
– Vá combinando com o governador – sugeri. E cuidado com as mocinhas que pensam que ser primeira-dama é como um foi ali e já vem.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.