[Marcelo Torres]
Cê acha que não sei
do seu plano?
Plano Pilouco,
Plano Pilatos,
Athos Bulcão,
As asas do avião.
Flor do Cerrado.
Concreto armado.
Ado-ado-ado
Cada qual no seu quadrado.
Já entrei nos seus eixos.
Já sei suas coordenadas.
Seus setores, seus doutores.
A balada, o Alvorada.
A Esplanada e as quebradas.
Seus guetos, seus Braguetos.
E muito mais suas quadras.
As pares que são ímpares.
E as ímpares que são pares.
Seu prédio-edifício é bloco.
E seu bloco é prumada.
Seu ponto de ônibus é parada.
Mas parada é movimento,
ou mesmo agito — tanto faz.
Pirulito? olha só que esquisito,
um poste de colar cartaz.
Periquito é maritaca
no quadradinho de Goiás.
Micro-ônibus é zebrinha.
Ônibus chamam de baú.
Tem PGR, Conic, TCU.
O retorno é tesourinha.
Conheci sua PN.
Sua SQN, sua SQS
É Asa Sul, é Asa Norte.
Suas asas de avião.
É um pássaro.
Uma borboleta.
Os braços da cruz.
É o Cruzeiro,
é Santa Maria,
SIA, EPIA,
Academia,
Pizzaria Dom Bosco.
Eu vejo seu Lago.
Compro no Venâncio.
Passo pelo Varjão.
Você tem o Lago e o Riacho.
Dois Eixinhos, um Eixão.
Viva Sobradinho.
Viva São Sebastião.
É N2, é W3, é L4.
E quem ama
mora no Gama,
no Guará, Paranoá.
Fercal, Octogonal.
Estrutural,
Sudoeste, Noroeste.
Cabra da peste, Ceilândia,
Brazlândia,
CEI é Candanga,
é Park Way,
Candangolândia,
Arapoanga.
Maras Águas Claras.
Tem Taguá, tem crachá,
tem Ban-Ban e Itapoã.
Aeroporto, Granja do Torto,
Buraco do Tatu.
Já andei na sua zebrinha.
Já montei no seu camelo.
Já entrei no seu baú.
Conheço seus números.
Suas letras, suas músicas.
Sua santíssima trindade:
Plebe-Capital-Legião.
Dê sinal de vida.
qu’eu paro para você
na faixa de pedestre.
O semestre na UnB.
O animal sivestre na EPTG.
Tem a Torre de TV.
Pôr do Sol, Sol Nascente.
Pego a tesourinha
E abraço seus balões.
O pardal preso no poste.
Não voa e não tem pena.
Só multa que é uma beleza.
Mas há outro pardal.
Ali pousado na janela.
Ele salta leve e solto.
Mas tem pena e só voa
Não multa seu ninguém.
Você é uma arte.
Esse nome feminino.
Esse corpo de avião.
Entonces…
por que cê não me dá mole, Brasília?
Texto de Marcelo Torres marcelocronista@gmail.com