A Rússia já anexou a península da Crimeia da Ucrânia em 2014 e depois apoiou rebeldes que enfrentam forças do governo ucraniano no leste do país. A Ucrânia diz que o conflito já matou 14 mil pessoas e ainda está em andamento.
Os russos posicionaram mais de 94 mil soldados perto das fronteiras com a Ucrânia e poderiam preparar uma invasão no fim de janeiro, disse o ministro ucraniano da Defesa, Oleksii Reznikov, nesta sexta-feira (3). Segundo ele, o país estaria pronto para um contra-ataque.
Já o governo russo descarta insinuações de que está preparando um ataque em sua fronteira sul e defende seu direito de mobilizar soldados em seu próprio território como bem entender.
A Rússia já anexou a península da Crimeia da Ucrânia em 2014 e depois apoiou rebeldes que enfrentam forças do governo ucraniano no leste do país. A Ucrânia diz que o conflito já matou 14 mil pessoas e ainda está em andamento.
Especialistas alertam que uma invasão russa impune poderia ser desestabilizadora, criando um efeito dominó muito além da Ucrânia.
Desde novembro, o governo da Ucrânia alerta para um reforço das tropas russas na fronteira e a possibilidade de uma invasão.
Para ucranianos, fim de janeiro será o momento de tensão
“Nossos serviços secretos analisam todos os cenários, até o pior, e eles notam que existe a possibilidade de uma escalada de grandes proporções por parte da Rússia. O momento mais provável é final de janeiro”, disse Reznikov, o ministro de Defesa da Ucrânia.
A Ucrânia tem planos para ingressar na aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Os ucranianos não querem que a entrada de seu país na Otan seja barrada como forma de tentar apaziguar conflitos diplomáticos com a Rússia.
Dmytro Kouleba, ministro das Relações Exteriores do país, pediu que os Estados Unidos e seus aliados recusem as exigências feitas pelo governo da Rússia para amenizar as tensões na fronteira ucraniana. “Eu rejeito a ideia de que devemos dar qualquer garantia à Rússia. Eu insisto: é a Rússia que deve garantir que não continuará sua agressão contra nenhum país”, afirmou.
Para os EUA, há motivo para preocupação
Os EUA estão detectando indicadores e alertas suficientes a respeito de atividades militares russas perto da Ucrânia para desencadear “muita preocupação” e a retórica da Rússia parece cada vez mais estridente, disse a principal autoridade militar norte-americana na noite de quinta-feira.
Mark Milley, general do Exército e chefe do Estado-Maior Conjunto, não quis especular sobre os tipos de opções que os EUA podem cogitar no caso de uma invasão russa, mas enfatizou a importância da soberania da Ucrânia para seu país e para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em alguns de seus comentários mais detalhados sobre a crise.
“Existem interesses de segurança nacional consideráveis dos Estados Unidos e de Estados-membros da Otan em jogo aqui se houver um ato militarmente aberto de ação agressiva dos russos em um Estado-nação que é independente desde 1991”, disse Milley durante um voo de Seul a Washington.
Videoconferência
Houve um encontro entre o chefe da diplomacia russa, Sergueï Lavrov, e o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Blinken afirmou que há preocupação sobre “evidências” de que a Rússia teria planos de lançar “ações agressivas contra a Ucrânia”. Ele também alertou, nesta quinta-feira, que se a Rússia buscar o confronto, sofrerá “graves consequências”, depois de ameaçar a Rússia com sanções, na quarta-feira.
Retirada das tropas
Blinken, no entanto, afirmou que estava disposto a “facilitar” a implementação dos acordos de Minsk, firmados após a Rússia anexar a Crimeia em 2014 e que visam resolver o conflito no leste da Ucrânia entre Kiev e separatistas pró-russos. No entanto, eles nunca foram totalmente aplicados.
Depois de listar as cláusulas dos acordos afirmando que Moscou não as respeitou, o secretário de Estado americano acrescentou que “a melhor forma de prevenir uma crise é a diplomacia”. Em seu discurso, Blinken também pediu à Rússia que retire as tropas, que, segundo os ocidentais, estão destacadas na fronteira com a Ucrânia.
Lavrov, no entanto, acusou a Otan de “trazer sua infraestrutura militar para mais perto das fronteiras russas”. O ministro russo também se opôs a uma eventual expansão da Aliança Atlântica para o leste, que incluiria a Ucrânia, mas disse que estava aberto ao diálogo. (Com g1)