domingo, 23/02/25
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Trump pressiona vice para não proclamar vitória de Biden no Congresso na quarta

Em comício na Geórgia, presidente não menciona diretamente papel de Pence em sessão para ratificar votos do Colégio Eleitoral, mas disse que ‘não gostará tanto dele caso ele não faça algo’

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em comício eleitoral para segundo turno ao Senado na Geórgia Foto: BRIAN SNYDER / REUTERS
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em comício eleitoral para segundo turno ao Senado na Geórgia Foto: BRIAN SNYDER / REUTERS

Durante um comício eleitoral na Geórgia na noite de segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou seu vice-presidente, Mike Pence, a não ratificar o resultado do Colégio Eleitoral na sessão do Congresso que acontece nesta quarta-feira. A plenária, que é presidida por Pence, na qualidade de presidente do Senado, deve proclamar a vitória de Joe Biden, na última etapa do processo eleitoral antes da posse do democrata, em 20 de janeiro.

Sem explicar o que quis dizer, o presidente afirmou que seu colega de chapa é um bom republicano, mas que “não gostará tanto dele” caso ele não “faça algo por nós” durante a sessão conjunta da Câmara e do Senado. A função de Pence, no entanto, é meramente cerimonial, sem poder de interferir unilateralmente na decisão que lhe caberá anunciar ao fim da plenária.

— Tenho que dizer a vocês, espero que nosso grande vice-presidente, nosso grande vice-presidente, faça algo para nós. Ele é um cara ótimo. Porque se ele não fizer, eu não gostarei dele tanto — declarou Trump, afirmando que “vai lutar muito” para que os democratas não assumam a Casa Branca em 15 dias. — Não, Mike é um cara legal. Ele é um homem maravilhoso e inteligente, e um homem de quem gosto muito. Mas ele terá muito a dizer sobre isso.

Pence já deu indícios de que poderia romper com a estratégia de Trump quando, por meio do Departamento de Justiça, contestou uma ação de republicanos do Texas que pedia que ele, como presidente do Senado e da sessão de quarta,  tivesse poderes para decidir  se os votos do Colégio Eleitoral seriam válidos ou não. O vice também já avisou ao presidente que não tem o poder de mudar o resultado da decisão desse colegiado indireto, que se reuniu em 14 de dezembro e confirmou a vitória de Biden por 306 votos a 232.

Apesar de rechaçar a ação, Pence assume uma posição ambígua ao tentar evidenciar sua lealdade a Trump. Em um evento na segunda, também na Geórgia, prometeu que na quarta-feira os republicanos “terão seu dia no Congresso”, sem entrar em maiores detalhes. Depois que 11 senadores de seu partido anunciaram no útimo sábado que vão levantar objeções no Congresso à vitória de Biden, ele disse que esses esforços “são bem-vindos”.

Trump e Pence estiveram na Geórgia em eventos para endossar a candidatura de dois republicanos, Kelly Loeffler e David Perdue, que tentam a reeleição ao Senado pelo estado nas eleições desta terça. No comício em Dalton, no entanto, o presidente falou mais de si do que dos candidatos, afirmando que ele teria vencido a corrida presidencial e voltando a alegar, sem provas, que teria ocorrido uma fraude eleitoral.

O comício ocorreu um dia depois de vir à tona a gravação de um telefonema de Trump às autoridades eleitorais da Geórgia, em que ele pressiona o secretário de Estado, o republicano Brad Raffensperger, a mudar o resultado da eleição presidencial no estado. Trump foi derrotado por Biden no estado por uma margem de pouco menos de 12 mil votos, que foi confirmada após duas recontagens.

Na gravação, obtida pelo jornal Washington Post, o presidente pede que Raffensperger “encontre 11.780 votos” que alega ter recebido — o número é um a mais do que a vantagem obtida pelo democrata no estado, o que reverteria o resultado da votação popular. A Geórgia é um dos estados onde Trump tenta exaustivamente, mas sem sucesso, contestar a vitória de Biden.

— Eles dizem que são republicanos, mas eu não acho que sejam. Eles não podem ser — disse o presidente durante o comício, referindo-se a Raffensperger e ao governador Brian Kemp.

Mais cedo, Loeffler divulgou um comunicado afirmando que vai votar contra o processo de certificação do resultado do Colégio Eleitoral no Congresso, numa tentativa de barrar a posse de Biden.  Os esforços, no entanto, são fadados ao fracasso, já que quaisquer objeções precisarão ser votadas pela Câmara, que é controlada pelos democratas, e pelo Senado, onde diversos parlamentares republicanos reconhecem a vitória de Biden.

“Dezenas de milhões de americanos têm preocupações reais sobre a maneira como a eleição presidencial de novembro foi conduzida — e eu compartilho de suas preocupações”, escreveu Loeffler, poucas horas antes do comício de Trump e rompendo com as autoridades republicanas da Geórgia. 

Diferentemente de Perdue, cuja mandato acabou no dia 3 de janeiro, Loeffler foi indicada à cadeira no Senado para encerrar o mandato do ex-senador Johnny Isakson, que só terminará em janeiro de 2023. É por esse motivo que a republicana poderá participar da sessão conjunta da Câmara e do Senado para ratificar os votos do Colégio Eleitoral.

Perdue, por sua vez, disse no domingo que também faria oposição à posse de Biden caso seja reeleito na votação desta terça-feira. Durante comício nesta segunda, o presidente eleito fez uma crítica aos dois senadores republicanos, afirmando que eles trabalhavam por Trump, não pela Constituição do país. 

A corrida pelo Senado na Geórgia tem recebido atenção de ambos os partidos, pois é ela quem definirá a maioria na Casa: dos 98 senadores já eleitos, 50 são republicanos e 48, democratas. Caso os dois candidatos de Biden vençam hoje, a legenda alcançaria as 50 cadeiras e a vice-presidente eleita, Kamala Harris, atuaria como o voto de minerva nas decisões do Senado, facilitando a governabilidade do novo presidente.

Apesar de desde 2000 o Partido Democrata não eleger nenhum senador na Geórgia, republicanos do estado temem que a vitória de Biden e, principalmente, as alegações falsas de fraude eleitoral de Trump interfiram na eleição de seus candidatos. A gravação do presidente pressionando Raffensperger aumentou ainda mais esse temor.

O resultado da eleição para o Senado na Geórgia não deve ser conhecido hoje. As pesquisas projetam uma disputa apertada, com pequena diferença entre democratas e republicanos.

Fonte: O GLOBO

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