quarta-feira, 29/01/25
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Tentativa de prender presidente destituído da Coreia do Sul é suspensa em meio a tumulto e barreira de guardas presidenciais

Houve embate entre as autoridades que cumpririam ordem de prisão e equipe de segurança da presidência. Determinação para prender Yoon, válida até segunda-feira, foi definida após ele se negar a depor sobre acusação de insurreição.

Por Redação g1

Uma apoiadora do presidente deposto da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, segura uma placa com sua imagem durante um comício próximo à residência presidencial em 31 de dezembro de 2024, em Seul© Jung Yeon-Je

Em meio a tumulto e após mais de cinco horas de impasse, autoridades da Coreia do Sul suspenderam nesta sexta-feira (3) temporariamente a operação para cumprir o mandado de prisão expedido contra o presidente destituído, Yoon Suk Yeol. 

A tentativa de prisão foi frustrada por uma barreira de soldados e guardas presidenciais que impediram que policiais e promotores executores da ordem judicial chegassem até Yoon, que continua morando no palácio oficial da presidência, em Seul. Uma multidão de apoiadores que se aglomeravam em frente à residência também dificultou a operação.

As autoridades que cumpririam a ordem de prisão chegaram por volta das 8h, no horário local, em frente à casa. No entanto, levaram cerca de uma hora para conseguir ultrapassar a barreira humana de manifestantes em frente ao local. 

Após conseguir ultrapassar os manifestantes, foi preciso enfrentar a segurança presidencial. Cerca de 200 agentes do serviço de segurança do presidente destituído e soldados de uma unidade militar localizada dentro da propriedade oficial da presidência bloquearam a ação das autoridades, de acordo com Escritório de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários sul-coreano. 

Houve embate entre os agentes de segurança da presidência e os responsáveis pelo cumprimento do mandado de prisão, mas não foram sacadas armas. O escritório de investigação informou ter suspendido a tentativa de prisão para garantir a segurança no local. Uma investigação foi aberta para apurar a atuação dos chefes da segurança presidencial (leia mais abaixo). 

“Determinamos que seria praticamente impossível executar o mandado de detenção devido ao confronto contínuo [com as forças de segurança presidencial] e suspendemos a execução por preocupação com a segurança do pessoal no local, causada pela resistência”, disse um representante do Escritório de Investigação de Corrupção (CIO) sul-coreano em nota à imprensa.

A ordem de prisão tem validade até segunda-feira (6) e permite que a polícia mantenha Yoon Suk Yeol preso por, no máximo, 48 horas para interrogatórios. As autoridades não informaram quando deve ser a nova tentativa de prender o presidente destituído.

Investigado por decretar lei marcial e alvo de impeachment

Yoon Suk Yeol é alvo de um mandado de prisão expedido no dia 31 de dezembro,após o presidente afastado se negar a cumprir diversas convocações para prestar depoimentos à Justiça. 

Ele está sendo investigado criminalmente por insurreição após decretar lei marcial, que restringiu direitos civis no início de dezembro e levou Yoon a sofrer um impeachment aprovado por parlamentares(Leia mais sobre a crise na Coreia do Sul abaixo)

Mesmo afastado do cargo, formalmente Yoon Suk Yeol ainda é considerado presidente. A destituição definitiva do posto de presidente está sendo julgada pelo Tribunal Constitucional sul-coreano, que tem até 6 meses para decidir se acata a decisão do Parlamento.

Equipe jurídica de Yoon diz que prisão é ilegal

Após a desistência das forças anticorrupção nesta sexta, a equipe jurídica de Yoon afirmou que o mandado de prisão é ilegal e que o CIO não tem autoridade para investigar insurreição. 

O presidente afastado havia dito na quinta (2) que vai “lutar até o final para proteger o país”. Esta é a primeira vez na história sul-coreana que um presidente em exercício é alvo de um mandado de prisão.

Chefes da segurança presidencial investigados

Dada a resistência imposta aos policiais, a unidade conjunta de investigação da Coreia do Sul resolveu abrir investigação contra o chefe e o vice-chefe do serviço de segurança de Yoon por acusações de obstrução da Justiça, intimando-os a depor no sábado (4), segundo a Yonhap. 

Esta não foi a primeira vez que a segurança presidencial de Yoon resistiu a ordens da Justiça sul-coreana. Desde o impeachment, em meados de dezembro, os seguranças também impediram cumprimento mandados de busca em endereços do presidente afastado. 

Agora, o CIO pretende pedir ao presidente interino, Choi Sang-mok, para exigir que as forças presidenciais colaborem com a execução do mandado de prisão. Choi Sang-mok assumiu o cargo há 7 dias, após a deposição-relâmpago do presidente interino anterior, Han Duck-soo. 

Protestos

Manifestantes pró-Yoon protestam perto da residência presidencial em meio a tentativa fracassada de cumprimento de mandado de prisão contra o presidente destituído em 3 de janeiro de 2025. — Foto: AP Photo/Lee Jin-man

Manifestantes pró-Yoon protestam perto da residência presidencial em meio a tentativa fracassada de cumprimento de mandado de prisão contra o presidente destituído em 3 de janeiro de 2025. — Foto: AP Photo/Lee Jin-man 

Além das forças de segurança de Yoon, manifestações de apoiadores do presidente afastado do lado de fora da residência presidencial também complicaram o esforço das autoridades do Escritório de Investigação de Corrupção. 

Mais de 1.000 manifestantes pró-Yoon se reuniram perto da residência na manhã de sexta-feira. Cercados por cerca de 2.700 policiais enviados para manter a ordem, eles entoavam: “Mandado ilegal. Totalmente inválido” e “Prendam o CIO.” 

Quando a notícia da retirada do CIO foi divulgada, os manifestantes, cujo número havia crescido para 11 mil, segundo estimativa da polícia, explodiram em comemoração e gritaram “Vencemos” enquanto agitavam as bandeiras da Coreia do Sul e dos Estados Unidos e entoavam o nome do presidente. 

Centenas de manifestantes contrários a Yoon, liderados pela Confederação Coreana de Sindicatos, realizam um protesto perto da residência para exigir a prisão de Yoon na noite desta sexta, no horário local. 

Relembre a crise política

Yoon Suk Yeol surpreendeu o país no início de dezembro ao declarar, em cadeia nacional, uma lei marcial, que substituiria a legislação padrão por leis militares e acarretaria a restrição de direitos civis na Coreia do Sul. 

Na oportunidade, ele dissera que o decreto visava “proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas”. 

O parlamento sul-coreano reagiu rapidamente ao decreto, revogando de maneira unânime a medida e instaurando um processo de impeachment cuja conclusão ocorreu no dia 14 de dezembro. 

Yoon teve um mandado de prisão emitido contra ele por tribunal sul-coreano nos últimos dias de 2024 após pedido Gabinete de Investigação da Corrupção da Coreia do Sul, que investiga o decreto da lei marcial. 

O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul anunciou nesta sexta (3) que realizará em 14 de janeiro a primeira sessão do julgamento para decidir se irá destituir definitivamente o presidente Yoon Suk Yeol. 

Yoon é obrigado a comparecer à sessão, chamada de primeiros argumentos. 

A corte informou também que planejou uma segunda sessão para 16 de janeiro caso Yoon se recuse a comparecer aos primeiros argumentos.

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