Também havia macarrão instantâneo, comprimidos, balaclava e faca. Lázaro Barbosa foi morto com pelo menos 38 tiros nesta segunda
Morto por policiais militares de Goiás nesta segunda-feira (28/6), com pelo menos 38 tiros, Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, carregava com ele uma mochila bem equipada. O material foi entregue às autoridades e será periciado. O conteúdo da sacola revela que Lázaro estava preparado para ficar mais dias escondido, além dos 20 em que esteve foragido
Na mochila foi encontrada uma faca de cabo verde, um coldre de arma de fogo, carregador de pistola sobressalente, diversas munições, liga de borracha e fita plástica; jaqueta camuflada, balaclava, luva de pano, isqueiro, frasco branco com óleo, frasco branco com comprimidos, amoxicilina (antibiótico) e naproxen (analgésico), macarrão instantâneo, tempero pronto, uma cebola, bolachas e R$ 4,4 mil em espécie.
Ao lado do corpo de Lázaro Barbosa, os PMs encontraram também duas armas de fogo, uma do tipo pistola, “que parou aberta com todas as munições deflagradas”, e um revólver calibre .38 com 6 munições deflagradas.
As informações foram prestadas em Registro de Atendimento Integrado, feito à Secretaria de Segurança Pública de Goiás.
O criminoso foi morto durante confronto com forças policiais na manhã desta segunda-feira (28/6), numa mata nas imediações da casa da ex-sogra, em Águas Lindas (GO). Após o confronto no matagal, Lázaro ainda chegou a ser socorrido e levado a uma viatura do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu.
Suposto envolvimento
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) investiga qual o envolvimento da ex-mulher e da ex-sogra na fuga de Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos.
Segundo informações dos moradores vizinhos à casa das duas, desde a noite de sábado (26/6), Lázaro estaria no local, mas a polícia só chegou domingo (27) à noite.
De acordo com o secretário de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), Rodney Miranda, Lázaro teria ido encontrá-las: “Ele foi para se encontrar com elas [ex-esposa e ex-sogra]. Nós estávamos monitorado e tentamos pegá-lo ali”.
Ele também confirmou que a ex-mulher e a ex-sogra foram levadas para prestar depoimento. “Se ficar constatado que queriam facilitar, vão ser indiciadas e até presas.” Durante a abordagem policial, a ex-sogra chegou a dizer que Lázaro “não fez mal a ninguém”.
A ex-companheira de Lázaro entrou com os policiais na mata antes de ser levada à Delegacia de Águas Lindas para depoimento. Cerca de duas horas depois, elas foram liberadas e uma viatura as levou para casa. Segundo a polícia, a ex-mulher passou mal e a oitiva delas foi adiada.
Câmeras flagraram Lázaro nas imediações da casa da ex-sogra e da ex-companheira.
Rede que o acobertava
“As investigações não acabam aqui. Ainda temos pessoas para investigar e prender. Agora, sai a força intensiva e fica o trabalho investigativo. Vamos até descobrir todos os envolvidos”, disse Rodney Miranda.
Ele afirmou que o criminoso tinha uma rede que o acobertava: “Temos informações que ele atuava como jagunço e segurança de algumas pessoas. A questão dele querer fugir, patrocinado, logicamente, mostra que ele tinha uma rede que o acobertava. Com gente não interessada na prisão dele”.
“Ele foi encontrado com R$ 4,4 mil no bolso. Mais uma prova de que tem gente acobertando ele e dificultando o trabalho das forças policiais”, completou o secretário. Ele também confirmou que a ex-mulher e a ex-sogra foram ouvidas. “Se ficar constatado que queriam facilitar, vão ser indiciadas e até presas.”
De acordo com Miranda, entre as pessoas interessadas na fuga de Lázaro estaria Elmi Caetano, 74 anos, preso na semana passada por esconder o psicopata na chácara dele, em Girassol (GO). O secretário informou ainda que constam mais de 30 delitos associados ao criminoso no DF, em Goiás e na Bahia.
Chacina
Lázaro é suspeito de matar Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Ele ainda sequestrou Cleonice Marques de Andrade, 43 anos, esposa de Cláudio e mãe das outras vítimas. O crime ocorreu na madrugada de 9 de junho, no Incra 9, em Ceilândia.
O corpo de Cleonice foi encontrado dias depois, em um matagal. O cadáver estava sem roupa e com um corte nas nádegas, em uma zona de mata perto da BR-070.
Desde que matou a família Vidal, Lázaro vem entrando e saindo de propriedades, fazendo novas vítimas. Ainda no Incra 9, em Ceilândia, ele invadiu outros dois locais, baleando três pessoas em um deles, além de um policial. Em Goiás, ele ficou escondido na região entre Girassol, Edilândia e Cocalzinho, Entorno do DF.
Ficha criminal
A vida criminal de Lázaro começou em 2008. Na época, ele foi preso por um duplo homicídio em Barra do Mendes, município baiano que fica a 540 km de Salvador. Ele é natural da cidade.
Segundo a Polícia Civil baiana, o criminoso foi indiciado pelos assassinatos de José Carlos Benício de Oliveira e Manoel Desidério Silva, no povoado de Melancia. O inquérito, concluído e enviado à Justiça, aponta que ele atingiu as vítimas com disparos de espingarda e depois fugiu, apresentando-se dias depois na unidade policial. Após a prisão, ele acabou fugindo para o Centro-Oeste.
No DF, chegou a ser condenado por roubo e estupro. Mas, também, conseguiu fugir do sistema penitenciário em 2016.
A capacidade de fuga de Lázaro já é velha conhecida da polícia e do sistema prisional goiano. Em julho de 2018, ao tentar escapar junto de outros cinco detentos do presídio de Águas Lindas (GO), no Entorno do Distrito Federal, ele foi o único que obteve êxito.
Lázaro foi preso no dia 8 de março de 2018, por suspeita de assassinatos ocorridos na Bahia, além de estupro, roubo e porte ilegal de armas no DF. Ele tinha, na época, três mandados de prisão em aberto.
A ausência dele entre os internos do presídio de Águas Lindas só foi sentida no momento de recontagem dos detentos, após a ação policial no local. No entanto, a essa altura, ele já estava longe.
A fuga ocorreu durante a madrugada, por volta das 2h, de 23 de julho de 2018, segundo a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária de Goiás (DGAP).
Personalidade violenta
Laudo psicológico feito no âmbito de um dos processos contra Lázaro Barbosa, em 2013, constatou que o homem tem características de personalidade violenta, como agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade e instabilidade emocional.
Ainda de acordo com os psicólogos que assinam o documento ao qual o Metrópoles teve acesso, o criminoso tem possibilidade de “ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia”.
O autor, segundo os especialistas, teve o desenvolvimento psicossocial prejudicado devido a agressões familiares, uso abusivo de álcool e drogas, falecimento familiar, abandono das atividades escolares, trabalho infantil e situação financeira precária. (Metrópoles)