Em alguns casos, é o cérebro que precisa ser investigado.
Estudar era um sacrifício para Luiz Carlos Madureira Martins, 54 anos. O diretor de escola tinha dificuldade de concentração, sentia dor de cabeça diariamente, não suportava a claridade e ainda enxergava as letras em movimento. “Apresentação de trabalho e prova oral tudo bem, mas escrever me matava.
Também não conseguia interpretar texto, a não ser que alguém lesse para mim, mas achava que isso era normal”, relembra. Tachado de preguiçoso, ele provou que não era falta de vontade: apesar do desgaste, formou-se na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e passou em dois concursos públicos. A vida de Luiz Carlos só mudou depois do tratamento para dislexia visual, um dos problemas de visão ligados ao cérebro. Ainda pouco explorado, o tema será discutido no primeiro Congresso Brasileiro de Neurovisão, ocorrido em Belo Horizonte.
“Achávamos que a visão só se relacionava com o olho, mas a neurovisão nos mostra que o ato de enxergar também está no processamento cerebral”, esclarece o oftalmologista Ricardo Guimarães, do Hospital de Olhos, um dos idealizadores do evento. Cerca de 90% do nosso cérebro processa informação visual, ou seja, não dá para dizer que um paciente tem visão normal apenas com o teste positivo das letrinhas.
Comparando com uma máquina fotográfica, o especialista detalha que os olhos são as lentes. As células que processam as imagens estão no cérebro. Estima-se que de 15% a 20% da população mundial tenha algum tipo de problema neurovisual.Quando há diagnóstico correto, os distúrbios são tratados facilmente.