Miguel Lucena
Por que quase todas as letras de músicas do chamado Sertanejo Universitário têm as palavras supera e valoriza? Como se trata de amor-peteca, aquele grude de beijar, transar (eles chamam “fazer amor”), brigar, ir para o motel, sair do motel, bloquear e desbloquear no Whatsapp, Instagram e Tik Tok, um mundinho de duas pessoas cuidando dos instintos primitivos, deduzo que tenha a ver com chifres e dinheiro.
É sempre alguém dizendo que superou. “Você me trocou por outra ou por outro, estava com fulana no motel, fugiu com não sei quem na nossa lua-de-mel, mexeu com os possuídos de Isabel, mas eu já superei, já dei, já coisei”, e assim por diante, nessa pisada.
O chororô continua com a tal valorização. Parece a cantiga da galinha cobrando do galo um par de sapatos por cada ovo que pôs, como ele supostamente havia prometido: “Todo dia um ovo, sapato nada”!
“Ai, você não me valoriza”! Ninguém me convence que essa valorização não signifique dinheiro. “O que vale é o verdadeiro amor”. Vai!