Na última sexta-feira (4), agência reguladora aprovou, com restrições, pedido de importação excepcional do imunizante contra Covid-19. Decisão vale apenas para lotes específicos e não configura autorização de uso emergencial.
O Consórcio Brasil Central, que tem a participação do Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Tocantins e Rondônia, pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta segunda-feira (7), que a autorização dada ao Consórcio Nordeste para a importação emergencial da vacina Sputnik contra Covid-19, seja estendida ao grupo.
A informação foi dada pelo vice-governador do DF, Paco Britto, que é secretário-executivo do consórcio. O governador Ibaneis Rocha (MDB) é o presidente.
O grupo negocia diretamente com o Fundo Soberano Russo. As vacinas viriam da Rússia, e não teriam ligação com a fábrica da Sputnik instalada no DF.
Na última sexta-feira (4), a Anvisa aprovou, com restrições, o pedido de importação excepcional das vacinas Sputnik V e Covaxin contra a Covid-19. A decisão vale apenas para lotes específicos de imunizantes trazidos de fora, e não configura autorização de uso emergencial.
No caso da Covaxin, a autorização definiu a quantidade de 4 milhões de doses, que poderá ser utilizada somente sob condições específicas determinadas pela agência reguladora. As doses deverão ser utilizadas dentro de condições controladas, sob responsabilidade do Ministério da Saúde.
Já em relação à Sputnik, a quantidade de doses será restrita a 1% da população de cada um dos seis estados solicitantes: Bahia, Maranhão, Sergipe, Ceará, Pernambuco e Piauí.
Restrições e exigências
Inicialmente, a negociação do Consórcio Brasil Central era para a compra de 28 milhões de doses da vacina Sputnik, cerca de 4 milhões para cada unidade da federação envolvida. Essa quantidade possibilitaria a vacinação de 2 milhões de moradores do Distrito Federal, pois a imunização é feita com duas doses.
“Com a restrição, o DF poderia imunizar, no máximo, 30 mil pessoas, comprando 60 mil doses.”
Outra questão em jogo é a responsabilidade, que ficaria a cargo dos governos locais. A não ser que as doses sejam transferidas para o Plano Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde. Esse ponto ainda não foi esclarecido.
Segundo Paco Britto, cada dose da Sputnik está sendo negociada a U$ 9,95. Com o frete, a estimativa é de ficar em U$ 12.
Esse é o mesmo valor dos outros consórcios. O pagamento seria dividido da seguinte forma:
- 25% no dia do embarque
- 75% após 5 dias da chegada da remessa ao Brasil
A decisão sobre a compra e a importação da Sputnik, dentro dessas exigências, deve ser discutida pelos conselheiros do Consórcio Brasil Central em uma reunião marcada para as 10h de terça-feira (8). Depois, a decisão final será tomada pelos governadores, em outra reunião, prevista para esta semana.
De acordo com o vice-governador do DF, o Consórcio Brasil Central continua em negociação com outros dois fabricantes: a CanSino, da China, que é aplicada em dose única; e um outro fabricante, dos Emirados Árabes.
Produção no DF
O Distrito Federal tem uma fábrica para produção da Sputnik V. A União Química – empresa brasileira parceira do RDIF – está à frente da indústria, localizada no Polo JK, na região de Santa Maria.
Em março, a União Química apresentou o primeiro lote da vacina produzido 100% no Brasil. O Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), principal substância do imunizante contra Covid-19, foi fabricado no Distrito Federal.
Ainda em março, governadores de diversas reuniões do Brasil compareceram à fábrica no DF. À época a Sputnik V informou que poderia fornecer 10 milhões de doses do imunizantes, a depender da autorização da Anvisa.