*Tião Lucena
Eu alcancei a Princesa quase sem telefone.
Havia apenas o dos Correios, operado por Zé Carlos de Pata Choca e depois por Zé Góes.
O homem ligava rodando uma manivela. Depois falava tão alto que o São Roque todinho escutava.
As mensagens iam por um fio de cobre, pregado em postes que saiam de Princesa e iam bater na Capital.
Manoel Marrocos era o guarda fios. Fazia vistorias peródicas para ver se havia algum fio desgarrado pelas caatingas infinitas.
Quando era tempo de calor, Zé Góes atendia o público vestindo camisa e cueca samba canção.
A samba canção de antigamente, feita de pano branco, tinha uma abertura na frente.
E os clientes de Zé Góes, inclusive as mulheres, viam ele se dirigir ao balcão com a indumentária de fora.
Depois chegou uma central telefônica comprada pela Prefeitura, com cerca de 30 terminais.
O pretendente a uma ligação tirava o telefone do gancho e imediatamente uma luz vermelha acendia na central, operada por Bezinho Fernandes.Bezinho perguntava o que o outro lado pretendia e de lá vinha o pedido:
-Me ligue com Luiz Dedim!
-Morreu -, respondia o operador.
Teve aquela vez que Inocêncio Nóbrega chegou à Central dizendo que queria falar com Genésio Lima. Bezinho, numa deferência especial, colocou o plug no buraco de Genésio e mandou Inocêncio falar. Em vez de pegar o telefone e colocar na orelha, Inocêncio encostou a boca num dos buracos e ficou chamando:
-Alô, Genésio, alô Genésio!
A etapa dos telefones da Telpa chegou juntamente com a torre ainda hoje postada na frente da casa de João Mandu.
Aí já estava tudo modernizado,embora só tivesse telefone quem fosse rico.
O celular foi o coroamento de tudo.