Categoria está insatisfeita com preferência do governo por policiais
Sobe para 500 o número de servidores da Receita Federal que decidiram deixar o cargo por insatisfação com o governo, que é acusado de preferir profissionais da segurança pública, agraciados com aumento salarial enquanto os servidores do Fisco tiveram corte de verba.
Mais cedo eram 324 , mas o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) informou ao UOL que o total subiu para 500.
Hoje, cerca de 2.000 funcionários ocupam funções de chefia na receita, que ainda conta com 7.000 auditores e 5.500 analistas, de acordo com o sindicato.
Segundo o jornal O GLOBO, o temor agora é de uma greve geral. Integrantes do governo próximos a Jair Bolsonaro, o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, e membros dessa pasta já alertaram o presidente sobre a possibilidade.
Os pedidos de exoneração incluem auditores-fiscais e analistas-tributários da Receita Federal que atuam em cargos de confiança como delegados e chefes do órgão tributário em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, entre outros.
Enquanto previa R$ 1,9 bilhão para aumento dos policiais, o relatório da proposta do Orçamento de 2022, apresentado na segunda-feira pelo deputado Hugo Leal (PSD-RJ), promovia um corte de R$ 675 milhões para a gestão das soluções informatizadas da Receita Federal, como os softwares ligados à arrecadação e a gestão do Imposto de Renda. Originalmente a previsão era de R$ 1,311 bilhão para essa finalidade.
Em nota, o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), Kleber Cabral, alega que esse corte seria usado para custear o reajuste salarial para policiais.
Reclamam de atraso em gratificação
Auditores da Receita Federal, cujos salários básicos variam entre R$ 21 mil e R$ 27,3 mil, cobram a regulamentação do bônus de produtividade para os servidores, que garante um pagamento extra de R$ 3 mil.
Uma das cartas que o Metrópoles teve acesso, subscrita por 11 auditores-fiscais, titulares e substitutos das chefias da 7ª Região Fiscal (Rj e ES) reclama do atraso na regulamentação do bônus eficiência, previsto em acordo salarial há cinco anos.
O Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária Aduaneira (BEP) foi criado via medida provisória em 2016 e convertido em lei em 2017, mas nunca foi regulamentado. Isso significa que ele não mede produtividade, já que todos os auditores e analistas tributários recebem.
A categoria cobra que haja essa regulamentação, o que não ocorreu até agora. A estimativa é de que, caso regulamentado o pagamento, haveria um gasto extra de R$ 430 milhões. (Economia.ig)