(*) Nelson Valente
Existe uma altíssima concentração de renda, com seus atores aliados aos ‘coronéis’ da política local, proprietários de latifúndios, que se tornam imunes às ações da justiça”.
Amazônia, terra grandiosa, de dimensões gigantescas, de baixíssima densidade demográfica. As narrativas sobre a Amazônia reforçam imagens de uma terra que necessita ser ocupada e de uma gente que precisa ser ‘civilizada’ para fazer frente à cobiça mundial. Cinco séculos depois da chegada dos colonizadores, o imaginário sobre a região ainda traz muitas semelhanças com os relatos da época do Brasil Colônia. Poderes institucionais e conhecimentos guardados na memória vêm agenciando um cenário ideal sobre os chamados ‘povos da floresta’. Para uma grande parte dos brasileiros, a Amazônia ainda é uma grande área desconhecida do país. Distante, geograficamente, dos centros de decisão da política brasileira, a região vem sendo trazida a público em nome de uma floresta, que em um breve futuro pode ser a salvação mundial.
A riqueza natural, a biodiversidade, as contribuições vitais para a saúde do planeta estão no centro das narrativas. Sobre a região que corresponde a 59% do território brasileiro ou 5 milhões de km2.
Ao analisar as páginas dos jornais impressos brasileiros, de 1970 a 2000, observa-se que a ditadura militar exerceu um papel importantíssimo de ressignificação da Amazônia, quando os militares a tratavam como espaço vazio e decidiram planejar estratégias de ocupação da região. É a época da construção das rodovias Transamazônica e Belém-Brasília e dos slogans “Integrar para não entregar” e “Amazônia: desafio que unidos vamos vencer”, que teve como auge o governo do presidente Emílio Médici. É a partir dos anos 70 que a Amazônia passa a ser assunto constante na mídia impressa nacional. A partir dos anos 80 o tema conquista de vez a mídia internacional, efeito da politização crescente do discurso ecológico em nível mundial.
Aos olhos do mundo e do Brasil, a Amazônia aparece nacionalmente como subdesenvolvida à espera de penetração, solução, legalização para que possa adequar-se aos ‘interesses’ nacionais e estrangeiros. Retrata uma ‘vontade de poder’ mundial sobre uma região que pode ser a salvação da humanidade.
Em suplemento especial de 28 de janeiro de 2007, o Jornal do Brasil aborda o tema regional. A manchete de primeira página “Amazônia em perigo” é acompanhada de pequena chamada para os perigos da ocupação estrangeira. São “colossais territórios insuficientemente povoados e protegidos excitam a cobiça de outros países, sobretudo quando parece tão vulnerável a forasteiros uma demasia de jazidas minerais, pedras preciosas, madeiras de lei, animais exóticos, plantas medicinas raríssimas”. Ao longo de oito páginas, o suplemento expõe um texto altamente superficial, no sentido de que pouco traz casos consistentes do que diz ser a invasão da Amazônia por estrangeiros.
A primeira matéria intitulada “Americanos lideram invasão estrangeira”, de Augusto Nunes, chama a atenção para a grandiosidade e riqueza da Região. É notório que o repórter não foi a campo, baseando-se apenas em relatório do Grupo de Trabalho da Amazônia, coordenado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Apela à ameaça da invasão estrangeira, ignorando as ameaças e conflitos graves que se espraiam no cotidiano da região. Nomeia a Amazônia como desocupada à mercê da cobiça internacional.
É o que mostra reportagem especial de capa da Revista Veja, de março de 2008, intitulada “Amazônia: a verdade sobre a saúde da floresta”. Imagens da mata virgem e queimada abrem a matéria.
Ao longo de 22 páginas a revista se propõe a encontrar a ‘verdade’. Com ‘gráficos extraordinários’, o texto apresenta ‘verdades’ em oposição ao ‘senso comum’ sobre a região. A ameaça é sempre do homem à mata. Mais uma vez, as populações tradicionais são invisibilizadas. A importância da floresta para o mundo é o que salta aos olhos.
A estranheza Amazônica vem à tona, por exemplo, durante a série de matérias Desejos do Brasil. A proposta da equipe do telejornal era desvendar os desejos da nação às vésperas das eleições presidenciais de 2022. Apesar da proximidade, o texto revela o distanciamento no encontro com a região: “a selva, o rio, o barco (pausa)… outro mundo” (câmera se desloca em 360º mostrando apenas céu, mata e água no Rio Amazonas), na voz do enunciador. É sempre um eu pensando o outro, um ponto de vista, uma perspectiva e uma consciência opostos à unidade da visão.
O texto resulta da representação do dito e do não dito. Por isso, é ambivalente, dicotômico, relacional e mesmo quanto apela para a racionalidade e objetividade, atributos do jornalismo, será marcado por sentidos pré-existentes. Será uma versão entre outras por mais que se toque no objeto à exaustão. A linguagem torna-se ficção com relação a uma realidade cotidiana que não tem mais linguagem. Há um apagamento do real em nome de uma fragmentação discursiva, que elege, nomeia, rotula, enquadra.
No mundo midiático, digital, instantâneo, a informação é cada vez mais estilizada, pasteurizada, e os fatos recortados da realidade sem nexo, sem contexto, sem passado, sem história, sem memória, numa destruição clara da temporalidade, como se o mundo fosse um eterno videoclipe. Dessa forma, mais confunde do que esclarece e mais deforma do que forma. Com o uso da internet, o volume de informação dificulta a compreensão num mundo caleidoscópico, que se apresenta em forma de mosaico sem nexo, que vive transfigurando e refigurando o espetáculo da vida como se o confundisse com um reality show. E quando a telinha do computador se abre, o portal do mundo está aberto. Entretanto, permeando tais informações, há uma grande quantidade de “lixo informacional” invadindo nossos lares todos os dias. O cerne da questão está no fato de que o volume de informação não garante a qualidade.
Educação Ambiental é uma nova forma de educar, ampla e significativa (uma “meta-educação”). Tem como ponto de partida e de chegada o próprio meio ambiente e, como preocupação maior, a melhor qualidade de vida.
A Educação Ambiental, se bem aplicada, leva o estudante a uma real integração com o ambiente onde vive, que, na realidade, é a continuação do seu próprio corpo e, como tal, tem que ser conhecida, respeitada e preservada. Será imprescindível, de agora em diante, a inclusão do tema educação ambiental nos currículos das Faculdades de Educação, bem como sua promoção em nível de pós-graduação. Pelo caráter inovador da Educação Ambiental, precisamos de técnicos, praticamente inexistentes nessa área. O que possuímos atualmente são pesquisadores que se aprofundam no assunto por autodidatismo.
O texto constitucional prevê a promoção da educação ambiental “em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para preservação do meio ambiente”. Em outras palavras, busca-se o apoio da população para a solução dos problemas ambientais. Acreditamos que exista uma consciência ecológica, embora ela ocorra de maneira incipiente.
O que prevalece é a presunção errônea de que nossos recursos naturais são inesgotáveis, dando margem à política do usufruto desmedido e imediato, sem preocupações quanto ao empobrecimento ou exaustão.
No caso específico da educação ambiental, a maioria das constituições estaduais tem adotado em seus textos a determinação de que ela seja implantada. Deve-se buscar um meio de compatibilizar ecologia e desenvolvimento, de forma responsável. “Ecodesenvolvimento” é o termo que vem sendo usado para definir essa nova postura.
Não devemos parar de crescer industrialmente; ao contrário, devemos buscar o desenvolvimento sustentável, que pressupõe o respeito pela preservação ambiental. Limitar o crescimento econômico, ao contrário do que pensava, só ajuda mesmo a agravar as condições ambientais dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Algumas empresas têm ajudado muito na preservação do meio ambiente. Os exemplos são bastante representativos. Esso, White Martins e Souza Cruz adotaram parques e reservas e têm investido verbas consideráveis na aquisição de materiais e equipamentos.
A Petrobrás tem projeto pronto para desenvolver o “turismo ecológico”, visando à preservação dos 34 parques nacionais. Basta apenas que a empresa aparelhe o Ibama com recursos humanos especializados para que não ocorram atividades predatórias. O turismo feito de forma orientada e consciente pode ajudar na conservação.
A questão ambiental adquiriu contornos universais, como se pode verificar pela polêmica em torno da camada de ozônio e o papel de discussão em torno da possibilidade (cientificamente não comprovada) de sermos hoje pulmão do mundo. Tudo o que conseguimos foi arranhar a consciência individual. Mas há ainda, certamente, uma consciência coletiva.
Bactérias, vírus e outros microrganismos já causaram estragos tão grandes à humanidade quanto as mais terríveis guerras, terremotos e erupções de vulcões. Os micróbios derrubaram impérios, impulsionaram outros e estiveram subjacentes às grandes transformações económicas e sociais. Afirmaram-se valiosos instrumentos de poder político. Foram mais mortíferos que quaisquer armamentos bélicos em tempo de guerra. Contudo, enquanto atentados reais à vida, sempre fizeram despertar o melhor das potencialidades humanas em todos os domínios. É essencial dar continuidade ao trabalho de cooperação internacional, sem fronteiras e sem imperativos de propriedades intelectuais, sempre com o objetivo primordial da preservada da saúde. Na era da globalização, as facilidades de mobilidade explicam a propagação rápida a uma escala mundial.
Na data estranhamente específica de 15 de novembro de 2022, as Nações Unidas preveem que haverá oito bilhões de humanos vivos ao mesmo tempo — até 800 mil vezes mais do que os sobreviventes da catástrofe daquela erupção vulcânica. – há um pool genético limitado que está sendo constantemente reciclado, e acontecem cerca de 370 mil novas oportunidades (na forma de bebês nascidos) para que essas coincidências “apareçam” todos os dias. As estimativas variam, mas espera-se que cheguemos o “pico populacional” por volta de 2070 ou 2080, quando haverá entre 9,4 bilhões e 10,4 bilhões de pessoas no planeta. Pode ser um processo lento — se chegarmos a 10,4 bilhões, a Organização das Nações Unidas (ONU) espera que a população permaneça nesse nível por duas décadas — mas, eventualmente, depois disso, a previsão é de que esse número comece a diminuir.
Qual a capacidade máxima da Terra?
Há 50, por volta de 1960, chegamos a 3,5 bilhões. Atualmente, superamos 7,5 bilhões. Em 2050, nossos filhos e os filhos dos nossos filhos viverão em um planeta habitado por no mínimo nove bilhões de pessoas. Antes do final do século atual, seremos pelo menos dez bilhões. O gás natural é considerado um combustível fóssil pois sua origem é a decomposição de corpos profundamente enterrados durante milhões de anos. Ele, em geral, é encontrado junto com o petróleo e por isso, também não é considerado renovável. O biogás (ou biometano) é, portanto, considerado um combustível obtido a partir de fontes de energia renováveis e esta tecnologia começa a ser utilizada em maior volume no Brasil. Na Índia, o uso de biodigestores de uso doméstico acontece há algum tempo e, geralmente, funciona com esterco bovino. No país asiático, a tecnologia também é vista como uma possível solução em larga escala para contribuir com a redução da defecação a céu aberto. Por funcionar nos motores a combustão tão bem quanto o GNV, já começam a surgir nos postos as primeiras bombas do biometano. Ou seja, ninguém imagina, mas já tem carro rodando por aí movido por um combustível obtido a partir do cocô de vaca.
Biogás é um combustível renovável
Ele pode se originar também de aterros sanitários, formado por elementos orgânicos em decomposição e, neste caso, é chamado de biogás. Pode ser produzido a partir de qualquer resíduo agrícola (origem vegetal) ou urbano (dejetos de animais, lixo, esgoto, etc). Durante sua evolução, nossos ancestrais ganharam a habilidade de ativar e desativar esses genes virais em seu próprio benefício. Hoje sequências reconhecidas como de origem viral incluem as associadas à formação da placenta, ao desenvolvimento do cérebro e à prevenção de infecções generalizadas, entre outras. Ou seja, no curto prazo, os vírus podem representar uma ameaça. Entretanto, há milhões de anos eles têm desempenhado um papel muito importante na evolução da nossa espécie.
Nas últimas décadas, quase todas as notícias que tivemos sobre vírus foram ruins, associadas a doenças terríveis que deixaram rastros de mortes. O vírus ebola, o responsável pelo sarampo, o HIV, o da dengue, o rotavírus, o da febre amarela, o da Zika, o da varíola, dos herpes, da influenza e, claro, o coronavírus, nos fizeram temer o organismo — a ciência não conseguiu decidir ainda se os vírus fazem parte dos seres vivos. Porém, não é todo vírus que causa doença (os mais evoluídos e eficazes, inclusive, conseguem se reproduzir sem matar o hospedeiro), e a relação de simbiose nem sempre é negativa para o ser humano. Analisando o genoma humano, pesquisadores já determinaram que pelo menos 8% do nosso código genético vem de retrovírus que entraram nas células reprodutivas há milhões de anos, antes mesmo de acontecer a diferenciação entre os primatas e os nossos primeiros antepassados.
Como os vírus evoluíram?
Os vírus passam por evolução e seleção natural, tal como a vida baseada na célula, e a maioria deles evolui rapidamente. Quando dois vírus infectam uma célula ao mesmo tempo, eles podem trocar material genético para formar novos vírus “misturados”, com propriedades únicas.
Os bilhões de vírus que vivem em nosso corpo e ajudam a nos manter saudáveis. Os vírus são os organismos mais numerosos na Terra. Embora se acredite que temos aproximadamente o mesmo número de células bacterianas que células humanas em nosso corpo (cerca de 37 trilhões), provavelmente temos pelo menos 10 vezes mais partículas de vírus. Talvez possamos até dizer que não sobreviveríamos por muito tempo se todos eles desaparecessem.
Muitos desses vírus estão envolvidos em processos corporais essenciais, fazendo parte do nosso ecossistema interno.
A Northumbrian Water é uma empresa que passou a ser reconhecida como especialista no uso do que eles chamam de a “energia do cocô”: uso de dejetos humanos para geração de gás e eletricidade. Fezes humanas podem produzir eletricidade para 138 milhões de lares, aponta estudo. O biogás proveniente das fezes humanas pode se tornar uma fonte importante de energia capaz de produzir eletricidade para 138 milhões de lares, aponta um novo estudo. Imaginem 8 bilhões de pessoas defecando? Tratamento de água e esgoto? E o Brasil, tem tratamento de água e esgoto. Não!
Um relatório divulgado pela Nations University Institute of Water, Environment and Health (UNU-INWEH), com sede no Canadá, afirma que o biogás produzido pela decomposição das fezes humanas contém 60% de metano. Se apenas as fezes deixadas por pessoas que costumam defecar ao ar livre fossem usadas para gerar energia, o biogás produzido renderia US$ 200 milhões por ano – suficiente para manter a demanda de energia de quase 10 milhões de lares. Se esses números englobasse as fezes de todo o planeta estaríamos falando de um potencial de US$ 1,6 bilhão a US$ 9,5 bilhões.
(*) é professor universitário, jornalista e escritor