Falhas na comunicação entre agência federal de segurança e autoridades locais ocorreram durante comício do candidato republicano na Pensilvânia, em julho. Trump sofreu um tiro de fuzil na orelha enquanto discursava.
Por Associated Press
Seguranças retiram Donald Trump de comício após tiros no local — Foto: AP Photo/Gene J. Puskar
O Serviço Secreto dos Estados Unidos admitiu nesta sexta-feira (20) falhas de comunicação antes do atentado contra Donald Trump durante comício na Pensilvânia, em julho.
Falhas de comunicação com as forças de segurança locais prejudicaram o desempenho do Serviço Secreto antes de uma tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump em julho, de acordo com um novo relatório que descreve uma série de oportunidades perdidas para deter um atirador que abriu fogo de um telhado desprotegido.
Um documento de cinco páginas que resume as principais conclusões do relatório do Serviço Secreto aponta falhas tanto das autoridades locais quanto federais, destacando as falhas em cascata e de amplo alcance que precederam o tiroteio de 13 de julho em um comício de campanha em Butler, Pensilvânia, onde Trump foi ferido na orelha por disparos.
Embora a resposta falha tenha sido bem documentada por meio de testemunhos no Congresso, investigações da mídia e outras declarações públicas, o relatório, que será divulgado na sexta-feira, marca a tentativa mais formal do Serviço Secreto de catalogar os erros do dia. Ele está sendo lançado em meio a uma nova onda de escrutínio após a prisão, no domingo, de um homem na Flórida que, segundo as autoridades, pretendia matar Trump.
“É importante que nos responsabilizemos pelas falhas de 13 de julho e que usemos as lições aprendidas para garantir que não tenhamos outra falha de missão como essa novamente”, disse o diretor interino do Serviço Secreto, Ronald Rowe Jr., em um comunicado que acompanha a divulgação do relatório da investigação interna da agência.
O relatório detalha uma série de “deficiências de comunicação” antes do tiroteio realizado por Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, que foi baleado por um franco-atirador do Serviço Secreto após disparar oito tiros na direção de Trump, de um telhado a menos de 150 metros de onde Trump falava. O documento deixa claro que o Serviço Secreto já sabia, antes do tiroteio, que o local do comício apresentava desafios de segurança.
Relembre o atentado
Donald Trump, candidato à Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, sofreu uma possível tentativa de assassinato enquanto jogava uma partida de golfe neste domingo (15) em West Palm Beach, na Flórida. Esta é a segunda vez em dois meses que o republicano é alvo de violência armada durante a corrida eleitoral.
Em 13 de julho, o ex-presidente sofreu um atentado a tiros durante um comício, na cidade de Butler, estado da Pensilvânia. Trump foi atingido por um tiro de raspão de um fuzil AR-15 na orelha direita e levado para o hospital.
Na ocasião, um homem que assistia o comício morreu e outros dois foram socorridos em estado grave. O atirador, identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, carregava foi morto pelo Serviço Secreto.
Imagens do comício registraram o exato momento em que o comício foi interrompido. O candidato presidencial republicano se abaixou e pôs as mãos na orelha. Em seguida, com sangue no rosto, se levantou, ergueu o punho no ar e foi levado por seguranças a um carro que o aguardava.
“Eu levei um tiro que atingiu o pedaço superior da minha orelha direita. Eu soube imediatamente que algo estava errado quando ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala rasgando a pele. Sangrou muito, e aí me dei conta do que estava acontecendo”, escreveu Trump nas redes sociais.
Infográfico mostra atentado contra Trump — Foto: Arte/g1
Quem é o atirador?
Segundo o FBI, Thomas Matthew Crooksvivia no distrito de Bethel Park, na Pensilvânia. A região onde Crooks morava fica a cerca de 70 km de Butler, onde acontecia o comício de Trump. Ele aparentemente “agiu sozinho”, de acordo com a corporação.
Ele era descrito como um rapaz tímido, que era vítima de bullying e havia sido rejeitado no clube de tiro na escola por não ser bom atirador.
O atirador se formou na Bethel Park High School em 2022. Em um vídeo da cerimônia de formatura da escola, Crooks pode ser visto cruzando o palco para receber seu diploma, parecendo magro e usando óculos.
Jason Kohler, que disse ter frequentado a mesma escola secundária, afirmou que Crooks era vítima de bullying na escola e ficava sozinho na hora do lanche. Outros estudantes zombavam dele pelas roupas que usava, incluindo roupas de caça, disse Kohler.
Ele tentou entrar na equipe de tiro da escola, mas foi rejeitado porque não era um bom atirador, disse Frederick Mach, capitão atual da equipe. No atentado, Crooks usou um fuzil AR-15, que as autoridades acreditam ter sido comprado por seu pai.
O telhado onde Crooks estava deitado ficava a menos de 150 metros de onde Trump estava falando, uma distância na qual um bom atirador poderia razoavelmente atingir um alvo do tamanho de um humano. Essa é uma distância na qual os recrutas do Exército dos EUA devem acertar um alvo em forma de silhueta humana para se qualificarem com o fuzil M-16.
Atirador foi visto no telhado cerca de meia hora antes de atentado
Crooks foi avistado pelas forças de segurança locais cerca de 30 minutos antes dos disparos, revelou o jornal “WPXI”, afiliado da rede “NBC”.
Segundo o jornal, um membro da unidade de serviços de emergência do Condado de Beaver, na Pensilvânia, notou um homem suspeito em um telhado próximo ao comício às 17h45 (horário local), relatou o avistamento e tirou uma foto da pessoa. O atentado ocorreu minutos depois, às 18h11.
Investigadores ainda buscam a motivação para a tentativa de assassinato de Trump, candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos. Técnicos do FBI obtiveram acesso aos dados do telefone de Crooks, mas ainda não descobriram uma possível motivação para o crime.
O caso está sendo investigado como um possível ato de terrorismo doméstico, mas a ausência de um motivo ideológico claro por Crooks — morto a tiros pelo Serviço Secreto — alimentou teorias conspiratórias. O FBI disse acreditar que Crooks, que tinha materiais para fabricação de bombas no carro que dirigiu até o comício, agiu sozinho.