Maria José Rocha Lima*
Um mundo sem rumo, sem direção. Faltam-nos líderes, faltam-nos verdadeiros líderes, falta-nos gente com alto nível de formação e caráter, faltam-nos líderes respeitados na política e socialmente. Os governantes evidenciam sinais de inconsistência, fragilidade, alguns desses;apresentando comportamentos que flertam com a delinquência. Políticos que correm atrás dos lucros, evidenciando, diariamente, uma preocupação com a imagem, a propaganda e com os negócios. Falta a transmissão de uma orientação sólida, com sentido, com uma previsão do futuro, tendo em conta questões econômicas, científicas, tecnológicas, sociais e de estado.São políticos que não transmitem nenhuma mensagem de esperança à humanidade.
E nesse momento de pandemia a regra de ouro é vender fala, vender máscaras, vender respiradores, vender vacina, vender ciência e assaltar os poderes. E isso é evidente no discurso, nas declarações repetidas de frases feitas, algumas perigosamente agressivas, e não como resultado de um pensamento sobre onde estamos, para onde vamos e aonde queremos chegar. Esses mercadores passam longe das suas responsabilidades. Eles se prendem a questões de pouca relevância, pouco se importando com as vidas humanas.
O que esses políticos despreparados tentam é esconder as suas próprias incapacidades e/ou negócios. Não existem pensadores, líderes com visão de longo alcance, pessoas com sabedoria face às quais o cidadão possa confiar.
Diferentemente de outros momentos da história, nos quais ouvíamos nomes memoráveis como Charles De Gaulle, figura central na Segunda Guerra; Franklin Roosevelt, que foi presidente dos Estados Unidos na época da Segunda Guerra Mundial, tendo sido reeleito três vezes; Winston Churchill, o primeiro-ministro britânico durante o período da guerra, que reacendeu o espírito patriótico dos ingleses, com discursos entusiastas ao povo, e, mesmo tendo seu território bombardeado seguidamente pela Alemanha, sustentou a sua postura, sendo fundamental para o término da Segunda Guerra. Tivemos Margareth Thatcher, que enfrentou o machismo e se tornou a Dama de Ferro da Inglaterra, e Nelson Mandela, que suportou 28 anos de cárcere para libertar seu povo do apartheid.
Depois de mais quarenta anos lutando em defesa da democracia, concluí, como Anísio Teixeira, que sem um povo educado “democracia é uma palavra vã usada para justificar a farsa triste de sufrágio universal irrisório”. Democracia virou uma verdadeira blasfêmia, desfigurada por políticos aventureiros e populistas. E o que devemos fazer de melhor é não escutá-los. A mentira é a tônica, as eleições constitucionais não são respeitadas, o grupo que perde a mamadeira não vai mamar em outro lugar, como mandava o querido compositor baiano Riachão. Uma vergonha que a História um dia dissecará, colocando às claras. Temos de convir: a crise da falta de lideranças é mundial, é um desastre talvez maior do que o causado pelo coronavírus.
*Maria José Rocha Lima. É mestre e doutoranda em educação. Foi deputada estadual de 1991 a 1999. É fundadora da Casa da Educação Anísio Teixeira.