Passando o feriado em Guarujá, presidente comentou a alta no preço dos combustíveis e disse que não manda na Petrobras
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou no domingo (10/10) o aumento no preço dos combustíveis no país e disse em tom de ironia que, se pudesse, passaria o comando da Petrobras ao vice, o general Hamilton Mourão (PRTB).
O mandatário afirmou que não tem ingerência sobre a estatal petrolífera e reclamou de ser culpado pela alta dos valores.
“O dólar está diretamente ligado ao preço do combustível por lei. Eu tenho que cumprir a lei. Eu não mandei… Não é que eu não mandei, eu não mando na Petrobras. Eu quero… Se eu pudesse, eu passava a Petrobras para o Mourão administrar: ‘Olha, se aumentar combustível, quem manda é o Mourão’”, afirmou Bolsonaro em entrevista à imprensa em Guarujá (SP), onde passa o feriado prolongado.
“Eu indico o presidente, mas eu não posso segurar preço de combustível. Ou melhor, o presidente não pode segurar. Ele responde civil e criminalmente”, prosseguiu. “Então, quando se mexe na economia com notícias mentirosas, acontece isso: mexe no dólar. Quando sobe o petróleo brent lá fora, sou obrigado a mexer aqui dentro”, justificou.
A Petrobras anunciou, na sexta-feira (8/10), um reajuste de 7,2% no preço da gasolina e do gás de cozinha, que passou a valer a partir desse sábado (9/10). No acumulado do ano, a alta no preço do litro da gasolina na refinaria chega a 62%. No gás, o aumento alcança 48%.
Os valores cobrados nas bombas dos postos pressionaram a inflação, que atingiu 1,16% em setembro, maior alta para o mês desde o Plano Real. No sábado (9/10), a gasolina teve novo aumento.
Bolsonaro tem afirmado que não vai congelar preços de combustíveis “na canetada”. No domingo, ele reclamou da lei da paridade, que estipula que os preços da companhia devem seguir o mercado internacional.
“Está caro o combustível, ainda mais em um país que produz mais de 3 milhões de barris de petróleo, mas a legislação fala na paridade do preço lá de fora. Não precisava ser assim. Não temos um fundo compensador para a variante do preço do combustível e todo mundo paga essa conta. Eu não posso rasgar contratos”, assinalou.
COP 26
Apesar da intenção anunciada de chefiar a delegação brasileira que vai à Cúpula do Clima (COP 26) das Nações Unidas, Mourão não vai comandar a comitiva. A COP 26 vai ocorrer de 31 de outubro a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia. O presidente Bolsonaro escalou para a chefia da comitiva, que ainda está em fase de definição, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
Questionado por que não delegou Mourão, Bolsonaro respondeu: “Porque o presidente sou eu. Quando ele for presidente, daí ele vai pra lá. Eu não abro mão da minha responsabilidade.”
Bolsonaro ainda tocou em seu discurso feito na 76ª Assembleia Geral da ONU, em setembro. “Gostou do meu discurso na ONU? Falei em tratamento inicial, falei da autonomia médica. Fazer discurso brocha, como sempre fizeram? De subserviência? Percebeu que eles querem a Amazônia?”, disse.
Bolsonaro em Guarujá
Bolsonaro chegou à Baixada Santista na noite de sexta-feira (8/10), depois de participar da 1ª Feira Brasileira do Nióbio, em Campinas (SP).
Como de costume, o presidente está hospedado na instalação militar do Forte dos Andradas. A expectativa é a de que o presidente passe o feriado prolongado no litoral e só retorne a Brasília na terça (12/10) ou quarta-feira (13/10). Bolsonaro não tem compromissos oficiais para os próximos dias. Ele está acompanhado de alguns assessores e de dois dos cinco filhos: o vereador Carlos e a filha Laura.
No sábado (9/10), o mandatário saiu de carro da instalação militar e fez a travessia entre Guarujá e Santos de balsa, onde tirou fotos com apoiadores. De Santos, ele seguiu para Peruíbe, onde foi até a feira montada em frente à rodoviária da cidade e comeu pastel com caldo de cana.
No passeio pela cidade, o presidente causou aglomerações e tirou fotos com apoiadores. Nas imagens compartilhadas pelas redes sociais, ele não aparece de máscara em nenhum momento. A prefeitura de Peruíbe o multou em R$ 500 por não usar o equipamento facial. (Metrópoles)