Na área de saúde pública, segundo a CNM, nenhuma imunização do calendário nacional atingiu cobertura de 80%
(crédito: Fhemig/divulgação)
Reunidos em Brasília, representantes da Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgaram estudos que mostram as dificuldades entranhadas Brasil afora. Dois levantamentos indicaram deficiências graves na área da saúde e da educação.
Nos últimos cinco anos, o Brasil, que era referência mundial em cobertura vacinal para todas as idades, está em declínio na aplicação dos imunizantes. Estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que, entre 2017 e 2021, a meta de imunização nacional, fixada pelo Ministério da Saúde, ficou abaixo dos 70%.
Segundo a CNM, nenhuma imunização do calendário nacional atingiu cobertura de 80%. As regiões Norte e Nordeste são as mais castigadas. “A vacina de Influenza/gripe foi a única que esteve acima dos 70% de cobertura em todas as regiões, mas a meta é de 90%. A imunização contra tuberculose (BCG), deveria ser de 95% e está em torno de 64%”, diz o texto.
Para crianças de até quatro anos, a meta é de 95% e está abaixo de 50%. Outra preocupação é a aplicação da primeira dose da Tríplice Viral, que deveria estar no patamar de 95%, está em 55,13%. A segunda dose, que deveria ter o mesmo percentual, não chega a 48%.
“Após aumento da cobertura (vacinal no SUS), de 2017 para 2018, a procura pelas vacinas obrigatórias entrou em declínio em todas as regiões, e registrou os menores valores da década, deixando o país suscetível a doenças já erradicadas e novos surtos de febre amarela, poliomielite, sarampo, caxumba e até rubéola”, alerta o documento da CNM. “Isso representa um retrocesso na política sanitária nacional, ao colocar o Brasil em um cenário similar ao da década de 1980, e indica, ainda, que a pandemia de covid-19 distanciou a população dos postos de saúde”, acrescenta o estudo.
Em outro levantamento, a CNM identificou que há quase sete mil obras paradas no Brasil. Entre escolas, casas populares, postos de saúde, os valores totais estipulados para todas as fases das construções chegam a R$ 9,32 bilhões.
“No caso dos municípios, a conclusão de obras públicas pode representar novas escolas, unidades de saúde, pavimentação de estradas, canalização de esgoto e iluminação pública, podendo elevar substancialmente a provisão de serviços públicos e o bem-estar social dos seus habitantes”, diz o documento da CNM. A entidade analisou cinco ferramentas do governo onde as obras estão registradas.
Dados obtidos pela Plataforma Brasil, apontam que a maior parte dos empreendimentos não iniciados ou não movimentados, se encontra na Região Nordeste (55%). Segundo o levantamento, ao contabilizar valores de contrato e quantidade de obras, aproximadamente 78% do total estão em municípios com até 50 mil habitantes.
A construção e a restauração de unidades escolares da rede pública de ensino municipal são as vencedoras no quesito obra parada. Segundo o documento da CNM, 2.668 empreendimentos ficaram sem andamento entre 2012 e 2021.