Arnaldo Niskier
de Academia Brasileira de Letras
O seu nome de batismo era Senor Abravanel, de religião judaica. Sílvio Santos, que morreu aos 93 anos de idade, tinha engulho da sua ascendência, que jamais negou. Carioca nascido na Lapa, viveu a glória de ser o maior apresentador da televisão brasileira, inclusive com muitos anos de Rede Globo, aos domingos à tarde, até formatar e dirigir o seu consagrado SBT.
Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, em São Paulo, levado a um almoço em sua residência do Morumbi pelo amigo comum Moisés Weltman. Nas suas origens comerciais, teve em Moisés um dos seus fornecedores de objetos (canetas) para exercer com toda dignidade a sua condição de camelô. Por isso, manteve sempre a amizade com o Weltman, que ele adorava. Chegaram a trabalhar juntos nos primórdios da TV Sílvio Santos.
Na minha visita, fui lhe oferecer para uma possível compra a Rádio Manchete. Os Blochs estavam se desinteressando desse negócio de comunicação eletrônica. Sílvio ouviu atentamente a minha proposta, mas recusou. Disse que ainda não era hora de investir nessa área, pela qual tinha notório interesse. “Ainda não é o momento” – disse-me ele.
Eu ainda argumentei que o preço era muito bom.
Ele disse: “Na hora certa, pagarei o que for devido”. E seguiu outros caminhos, até constituir uma rede bilionária muito bem sucedida, com ele como astro principal.
Para o Boni, Sílvio Santos não tem paralelo no mundo. Ficou 60 anos no ar.
No Brasil chegou a tentar fazer política, candidatando-se à presidência da República em 1989. A idéia não prosperou, mas isso mostra a força da sua indiscutível popularidade. Teve uma experiência circense e foi
Foi o criador do bem sucedido “Baú da felicidade.
“Silvio Santos vem aí” era a musiquinha que anunciava a sua presença no vídeo. Logo depois, poderia ser visto distribuindo notas de dinheiro pelo auditório, fazendo a alegria dos seus fãs. O patrimônio televisivo de Sílvio Santos ficou como herança, para suas seis filhas. Deixou uma recordação sem igual.