Decisão foi tomada pelo Centro de Operações de Emergências (COE), coordenado pela Secretaria Estadual da Saúde. Estado registra mais de 138 mil casos e 31 mortes por conta da doença. Decreto deve ser publicado no Diário Oficial ainda nesta terça (5).
Coletiva de imprensa decreto de emergência para dengue — Foto: Reprodução/TV Globo
Por Lívia Machado, Lucas Josino, g1 SP e TV Globo — São Paulo
O governo de São Paulo decretou estado de emergência para a dengue.
A decisão foi tomada pelo Centro de Operações de Emergências (COE), grupo coordenado pela Secretaria Estadual da Saúde, e oficializada nesta manhã. O decreto deve ser publicado no Diário Oficial ainda nesta terça-feira (5).
A medida ocorre após São Paulo atingir, nesta segunda (4), 300 casos confirmados da doença para cada grupo de 100 mil habitantes.
“A gente trabalhou com os dados do painel de monitoramento: 311 casos por 100 mil habitantes. A gente está em epidemia, segundo o que a OMS (Organização Mundial da Saúde) determina dos casos confirmados”, disse Regiane de Paula, coordenadora de Controle de Doenças do Estado de São Paulo.
Acre, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Amapá também já decretaram estado de emergência para dengue este ano.
O que muda com o decreto
O decreto permite que os gestores públicos destinem recursos para combater a doença com maior celeridade e sem necessidade de licitação, além de aporte do Ministério da Saúde.
“O que muda agora com decreto é que a gente pode ter um pouco mais de agilidade para adquirir insumos, contratar pessoas, aumentar a nossa rede de atenção. E os municípios podem usar o nosso decreto como justificativa para decretar estado de emergência também nos seus municípios”, explicou Priscilla Perdicaris, secretária da Saúde em exercício.
De acordo com o COE, o decreto ainda prevê uma liberação de recurso do governo federal, tanto para o estado quanto aos municípios.
“É um recurso limitado, não temos nem a estimativa do valor global ainda. Mas qualquer recurso ajuda”, completou Priscilla.
O governo também pretende ampliar o número de equipamentos de fumacê. Hoje são cerca de 600 no estado. O plano de ação prevê a compra de novos, mas é necessária a aprovação do Ministério da Saúde – o que já está sendo negociado.
A secretária da Saúde disse ter mapeado quais os hospitais e unidades de saúde que conseguem ampliar o atendimento, mas não informou quando essa medida será colocada em prática.
Municípios de SP com decreto de emergência
22 dos 645 municípios do estado já decretaram emergência. São eles:
- Bariri
- Bertioga
- Boraceia
- Botucatu
- Getulina
- Guararema
- Guaratinguetá
- Jacareí
- Jandira
- Mairiporã
- Marília
- Mauá
- Pederneiras
- Pindamonhangaba
- Registro
- Santa Branca
- São Manuel
- Sorocaba
- Suzano
- Taubaté
- Votorantim
- Votuporanga
Incidência e pico de casos
O governo monitora os sorotipos da dengue circulando no estado de SP. Atualmente, segundo a coordenadora de Controle de Doenças, a incidência é maior da dengue tipo 1 e 2. A taxa de positividade está em 40%.
Membro do COE, o diretor técnico do Instituto Butantan, Esper Georges Kallás, afirmou nesta terça que o aquecimento global e as chuvas criaram as condições ideais para a proliferação do mosquito e, consequentemente, do aumento de casos de dengue.
A gestão estadual, entretanto, diz não ser possível prever quando será o pico da doença.
“Os casos continuam crescendo, a gente ainda não sabe quando será o pico. Não dá para dar a previsão exata (…). Como existem estados que estão em uma situação bem pior que São Paulo, a gente tem que se preparar”, disse Kallás.
Mortes
Nesta segunda-feira (4), o estado já registrava 31 mortes causadas pela dengue, segundo dados divulgados pelo painel de controle da doença da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
De acordo com a pasta, outros 122 óbitos ainda seguem em investigação. Os casos chegaram a 138.259, sendo 169 considerados grave.
As mortes confirmadas foram registradas em 21 municípios entre 1º de janeiro e 4 de março:
- Bebedouro: 1 morte
- Bariri: 2 mortes
- Bauru: 1 morte
- Pederneiras: 2 mortes
- Bragança Paulista: 1 morte
- Campinas: 1 morte
- São Paulo: 2 mortes
- Franca: 1 morte
- Restinga: 1 morte
- Marília: 3 mortes
- Guarulhos: 3 mortes
- Suzano: 1 morte
- Batatais: 1 morte
- Ribeirão Preto: 2 mortes
- Serrana: 1 morte
- Mauá: 1 morte
- Parisi: 1 morte
- Votuporanga: 1 morte
- Pindamonhangaba: 2 mortes
- Taubaté: 2 mortes
- Tremembé: 1 morte
Na capital, além das duas pessoas que morreram pela doença, outros 27 óbitos estão em investigação. O casos chegaram a 32.212.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, a maioria das infecções está concentrada em 15 de bairros que estão em epidemia de dengue, distribuídos pelas zonas Norte, Sul, Leste e Oeste:
São eles: Vila Jaguará, Parque São Domingos, Itaquera, Jaçanã, São Miguel Paulista, Vila Leopoldina, Anhanguera, Tremembé, Campo Limpo, Vila Maria, Guaianases, Lapa, Água Rasa, Lajeado e Vila Medeiros.
Vacina
Em 25 de janeiro, o Ministério da Saúde divulgou a lista dos cerca de 500 municípios brasileiros que deveriam receber doses do imunizante num primeiro momento para vacinação do público-alvo, da faixa entre 10 e 14 anos.
Dentre os contemplados, apenas 11 ficam no estado de São Paulo: Guarulhos, Suzano, Guararema, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes, Poá, Arujá, Santa Isabel, Biritiba-Mirim, Salesópolis. A capital ficou de fora.
Os municípios paulistas deram início à vacinação contra dengue de forma gradual, a partir de 19 de fevereiro.
Cuidados contra a dengue
Evite qualquer reservatório de água parada sem proteção em casa. O mosquito pode usar como criadouros grandes espaços, como caixas d’água e piscinas abertas, até pequenos objetos, como tampas de garrafa e vasos de planta.
Coloque areia no prato das plantas ou troque a água uma vez por semana. Mas não basta esvaziar o recipiente. É preciso esfregá-lo, para retirar os ovos do mosquito depositados na superfície da parede interna, pouco acima do nível da água. Isso vale para qualquer recipiente com água.
Pneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura ou recolhidos pela limpeza pública. Garrafas pet e outros recipientes vazios também devem ser entregues à limpeza pública. Vasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Limpe diariamente as cubas de bebedouros de água mineral e de água comum. Seque as áreas que acumulem águas de chuva. Tampe as caixas d’água.