Governo russo diz que Putin adotará ‘postura militar’ e ‘as consequências mais indesejadas’ caso os dois países passem a integrar a aliança militar. Medvedev fala de armas nucleares e mísseis hipersônicos ‘a um braço de distância’ de suecos e finlandeses. Na quarta-feira (13), as duas nações afirmaram que vão discutir candidatura.
A Rússia subiu o tom contra a Finlândia e a Suécia e prometeu nesta quinta-feira (14) represálias caso os dois países passarem a fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O porta-voz do Krelmin, Dmitry Peskov, afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, vai considerar “uma série de medidas” elaboradas pelo Ministério de Defesa do país. O vice-ministro das Relações Exteriores, Alexander Grushko, afirmou que Finlândia e Suécia enfrentarão “as consequências mais indesejadas” se ingressarem na aliança militar, segundo a agência de notícias russa Tass.
Os dois países afirmaram na quarta-feira (13) que estão analisando a entrada na Otan em resposta à invasão na Ucrânia, que completa 50 dias nesta quinta-feira (14).
Também nesta quinta-feira, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev, um dos aliados de Putin mais próximos a ele e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, disse que o “nenhuma pessoa sã” gostaria de ver as consequências do movimento cogitado por Suécia e Finlândia e que os cidadãos suecos e finlandeses veriam armas nucleares russas “a um braço de distância” de suas casas.
Medvedev afirmou ainda que o país terá que fortalecer a presença militar no Mar Báltico para restaurar o equilíbrio militar caso Suécia e Finlândia sejam aceitas na Otan. Medvedev afirmou que
“Se a Suécia e a Finlândia entrarem na Otan, a extensão das fronteiras terrestres da aliança com a Rússia mais do que dobrará”, disse Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, em um canal no aplicativo Telegram. “Naturalmente, essas fronteiras terão que ser reforçadas.
A Finlândia divide mais de 1,3 km de fronteira com a Rússia e tem planos de contingenciamento para diversas situações de calamidade, além de ter mais de 1/3 da sua população adulta entre os reservistas das Forças Armadas.
A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, afirmou que vai decidir sobre solicitar o ingresso na aliança nas próximas semanas. Já a primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, disse que vai se reunir em maio com a oposição do país para debater a candidatura.
O apoio à entrada na Otan cresceu entre suecos e finlandeses desde o início da invasão da Ucrânia, pressionando o governo dos dois países, que adotam um status de neutralidade, a considerarem a questão.
Autoridades da Otan disseram ao “Financial Times” disseram que as declarações de Medvedev indicam que a Rússia oficializará o envio de mísseis de cruzeiro Iskander, capazes de transportar ogivas nucleares, para o enclave de Kaliningrado, que fica entre a Polônia e a Lituânia. Isso daria a Moscou o potencial de atacar várias capitais da União Europeia (UE).