Aeronaves deverão ficar em solo até serem inspecionadas, determinou no sábado (6) a agência federal de aviação americana. Medida ocorre após porta ‘falsa’, desativada, ser ejetada de Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines. Serão inspecionados todos os Max 9 com a falsa porta.
Porta falsa que foi ejetada em voo nos EUA — Foto: Reprodução/TV Globo
Por Ricardo Gallo, g1
A agência federal de aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) apontou risco à segurança de passageiros, tripulantes e do próprio avião para determinar, no sábado (6), a suspensão de voos de alguns Boeings 737 Max 9 até a realização de uma inspeção imediata obrigatória.
Estão impactados pela medida as aeronaves desse mesmo modelo com uma porta “falsa” —desativada— na parte do meio do avião. Isso acontece depois de uma porta desse tipo ter sido ejetada, em pleno voo, de um Boeing 737 Max 9 da Alaska Airlines, na sexta-feira (5), em Portland, no estado de Oregon.
Segundo a FAA, são obrigados a passar por inspeção imediata 171 aeronaves Boeing 737 Max 9 de companhias aéreas americanas ou estrangeiras que operem nos Estados Unidos e têm o chamado “tampão de porta” (“door plug”, em inglês). Ele é identificado visualmente, do lado de fora da aeronave, por ter uma janela e um contorno de saída de emergência. (veja imagem abaixo, à esquerda)
À esquerda, um porta com tampão, identificado pela janela externa; aviões assim estão proibidos temporariamente de voar — Foto: Reprodução/The Boeing 737 Technical Channel
É o caso, por exemplo, de alguns dos Max 9 operados pela Copa Airlines, que usa esse modelo em rotas internacionais a partir de São Paulo.
Em razão de a porta “falsa” ter sido ejetada, o avião da Alaska Airlines sofreu uma despressurização em voo quando estava em procedimento de subida, a 4.975 metros de altitude, e teve que fazer um pouso de emergência em Portland —cerca de 20 minutos depois de ter decolado do mesmo aeroporto. Havia 171 passageiros e seis tripulantes a bordo. A porta desativada estava ao lado de um assento vazio. Ninguém se feriu.
Ao justificar a suspensão, a FAA apontou o risco de outras aeronaves terem problemas na porta desativada, o que classificou de “condição insegura”.
A agência apontou ainda que a perda de porta de voo, caso se repetisse, poderia resultar em “ferimentos aos passageiros e tripulação, impacto da porta no avião e/ou perda de controle do avião” (veja abaixo fac-símile da determinação).
Trecho de norma da FAA que fala de risco aos passageiros, à tripulação e ao risco de perda de controle da aeronave — Foto: Reprodução
A Alaska Airlines, a empresa envolvida no incidente de sexta, já anunciou a suspensão dos voos com Boeing 737 Max 9. A United também. A Copa —que faz voos para o Brasil com o Max 9— fez o mesmo, segundo anúncio publicado no site da companhia.
A inspeção nos Boeing 737 Max 9 leva de quatro a oito horas, segundo a FAA. O Conselho Nacional de Segurança dos Transportes (NTSB) investiga o incidente.
As companhias aéreas brasileiras não adotam o Boeing 737 Max 9.
Avião fez pouso de emergência após porta abrir durante voo, nos EUA, em 6 de janeiro de 2024 — Foto: Redes sociais
Por que esses aviões têm a porta ‘falsa’
O problema no voo da Alaska ocorreu em tampão de porta, a porta “falsa”, na parte do meio do Boeing 737 Max 9.
Essa porta extra existe em todo 737 Max 9 para atender aos requisitos de evacuação de passageiros em caso de emergência —mas não necessariamente está apta a funcionar. A porta é adotada como saída de emergência por companhias aéreas que usam a configuração de assentos máxima do Max 9, com 220 passageiros —como a Lion Air, empresa de baixo custo da Indonésia.
Aviões com o “tampão de porta”/porta falsa comportam obrigatoriamente menos gente: a capacidade máxima cai para até 189 assentos.
No caso da Alaska Airlines, são 178 lugares, segundo o site da companhia.Na prática, o voo tem menos passageiros a bordo, o que dispensa usar essa saída de emergência —e ela então fica bloqueada. Só por fora é possível perceber se tratar de uma porta; do lado de dentro, ela se assemelha a uma janela.