Wajngarten presta depoimento desde a manhã na CPI da Covid, nesta quarta-feira (12/5)
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Depois de ameaçar, o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), pediu a prisão do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten. Em seguida, o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), negou a solicitação.
Aziz disse que se dependesse dele, não iria prender Wajngarten. “Não serei carcereiro”, disse. Wajngarten presta depoimento desde a manhã na CPI da Covid, nesta quarta-feira (12/5).
“A gente não pode tornar o país pior que já está. Eu não tomarei essa decisão. Tenho tomado decisões equilibradas até o momento. Daí a ser carcereiro de alguém, não. Sou democrata. Se ele mentiu, podemos fazer um relatório e ele ser indiciado. Eu não farei isso”, completou Aziz. “Vocês [senadores] não vão diminuir a CPI. Não é porque uma pessoa vem aqui e se contradiz, que vamos acabar com a CPI”, concluiu.
Para Renan Calheiros, os motivos para a prisão do ex-ministros são claras. “Vossa excelência mentiu por causa dos áudios, mentiu pela entrevista que deu, mentiu. Isso cabe ao presidente. É a primeira vez que alguém vem a uma CPI e mente”, disse Renan. “Diante do flagrante evidente, vou pedir a prisão de vossa senhoria. O espetáculo de mentira que vimos aqui não pode se repetir”, acrescentou.
Acompanhe:
Horas antes, o próprio senador já havia feito uma ameaça de solicitar a prisão. Segundo o relator, Wajngarten também teria mentido à CPI da Covid ao dizer que não tinha conhecimento da existência de um “ministério paralelo”.
“Vossa senhoria é a prova da existência dessa consultoria [paralela] porque iniciou essa negociação, dizendo-se em nome do presidente. É a prova. Vossa excelência é a primeira pessoa que incrimina o presidente da República”, declarou Renan, acrescentando que vai requisitar os áudios à revista.
“Se ele não mentiu, a revista [Veja] vai ter que pedir desculpas. Se ele mentiu, terá desprestigiado e mentido ao Congresso Nacional, o que é um péssimo exemplo. Vou requerer, na forma da legislação processual, a prisão do depoente”, afirmou
O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) reagiu. “Isso é abuso de autoridade. Não cabe prisão que não seja em flagrante”, disse.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sugeriu que o colegiado pode realizar a quebra de sigilo fiscal e bancário de uma empresa de Fabio, para identificar se há vínculo entre o empreendimento privado do ex-secretário com o governo federal.
“A decisão da CPI é soberana, eu acolherei toda e qualquer determinação da CPI. Eu não temo nada, não tenho nada a a esconder”, enfatizou Wajngarten.
Convocação
Fabio foi convocado após revelar, em entrevista à revista Veja, que o governo federal, em especial o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, falhou na aquisição de vacinas contra a Covid-19, sobretudo na compra de doses da Pfizer, que havia contatado o governo brasileiro em agosto de 2020.
Segundo o ex-secretário, houve “mau assessoramento” de Bolsonaro na condução da pandemia do novo coronavírus no Brasil.
O ex-secretário relatou ter se reunido com diretores da Pfizer para discutir cláusulas e, assim, conseguiu reduzir preços e obter compromissos de antecipação da entrega de lotes do imunizante, mas o acordo não prosperou. Os detalhes das tratativas serão parte importante da oitiva de Wajngarten na CPI.
O que for falado por Wajngarten aos senadores nesta quarta poderá ser usado para pressionar, ainda mais, Pazuello em seu depoimento ao colegiado, marcado para 19 de maio.
Depoimentos
Wajngarten é o quinto a depor. Antes dele, os senadores ouviram o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além do atual chefe da Saúde, Marcelo Queiroga.
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello só será ouvido em 19 de maio, pois alegou ter tido contato com duas pessoas infectadas pelo novo coronavírus e cumpre quarentena.
A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios. (Metrópoles)