Miguel Lucena*
O assassino da juíza Viviane Vieira do Amaral, 45 anos, não a matou por machismo. Paulo José Arronenzi, 52, ex-marido, casado com a vítima por 10 anos, vivia desempregado e queria continuar sendo sustentado pela ex-cônjuge, a quem chantageava constantemente.
O machismo mata muito, é verdade. Os interesses por trás dos relacionamentos, porém, ditam as novas regras de convivência, com a normalização de arranjos considerados estranhos em certo tempo passado e rompidos facilmente, com desfechos trágicos.
Muitas sugar babies (jovenzinhas) se oferecem aos sugar daddies (coroas ricos ou bem de vida) nas plataformas de relacionamentos, o que configuraria programas camuflados em trocas de mimos. O contrário também acontece muito, é só prestarmos atenção às matérias sobre don juans que enganam mulheres para lhes tomar o pouco que têm.
No Brasil, a maioria das coisas acontece por imitação ao estrangeiro, como o uso da gravata, acessório feito para proteger do frio o pescoço dos europeus. Por aqui, virou obrigatoriedade, mesmo em cidades como Teresina, Salvador e Rio de Janeiro, com clima de 40 graus na sombra.
A modernidade no comportamento aportou por aqui sem que as pessoas fossem educadas para não terem sentimento de posse, não fazerem alienação parental, não humilharem o outro que está em dificuldades financeiras ou não cobrarem o papel de provedor, que deixou de existir desde que foram decretados direitos iguais.
Não adianta endurecer penas e aumentar as prisões preventivas. A educação para essa nova realidade deve começar cedo, ainda na infância.
De concreto mesmo para resolver os conflitos, somente os encontros de casais com Cristo, na Igreja Católica. O sucesso dessa história a gente conta depois.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.